Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 8914, publicada em 23/09/2009.


:Jéssica Michels

Escadas da escola são um obstáculo para Caroline

Os problemas de acesso físico no Ielusc

Mayara Silva



Com um problema na coluna desde que nasceu, a estudante Caroline Becker Gonçalves Correa, de 19 anos, tem dificuldades para chegar à sala de aula. “Tenho que esperar uma amiga chegar para me ajudar a subir a escada”, diz ela, que utiliza muletas para caminhar. Caroline tem aulas do curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio no bloco C da unidade Centro, um dos principais lugares sem acessibilidade dentro do Bom Jesus/Ielusc.

Segundo a lei federal 10.098, acessibilidade significa ter possibilidade e condições de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços mobiliários, equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa com deficiência ou com a mobilidade reduzida. Criada em dezembro de 2000, a lei estabelece que a construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou de uso coletivo (locais de espetáculos, conferências, aulas e similares) devem ser executadas de modo que se tornem acessíveis.

Nas dependências da unidade Centro do Ielusc, há modificações em nome da acessibilidade como o elevador no bloco B e os banheiros adaptados. Porém, o prédio possui escadas que se tornam obstáculo para quem é cadeirante ou possui mobilidade reduzida (temporária ou permanentemente) como a Caroline, por exemplo, que se utiliza de muletas. A estudante reclama porque acredita que a instituição poderia ser mais atenta a esses fatos. “O resto da estrutura está boa, os professores são ótimos, mas está faltando atenção”, alerta.

O diretor geral do Bom Jesus/Ielusc, Tito Lívio Lermen, admite que ainda não existe uma total acessibilidade na instituição, mas que há preocupação quanto ao assunto, tanto que as unidades I e III, no Saguaçu, já possuem acessos por rampa. Segundo o diretor, o foco das reformas, atualmente, está na restauração e reabilitação da Deutsche Schule, que se transformará em um Centro Cultural. “Será implantado na reforma um elevador, para que o prédio tenha acessibilidade e seja mais visitado”, diz. Apesar das atenções estarem voltadas para a restauração, Tito explica que já está em projeto e sendo analisada a possibilidade de instalação de uma rampa no bloco C, que hoje só pode ser acessado por escadas.

Mobilidade do olhar

Segundo Sílvio Melatti, coordenador do curso de Jornalismo, o que falta hoje é uma política de acessibilidade para dar suporte específico aos alunos portadores de alguma necessidade especial. Por outro lado, Melatti acredita que a maior dificuldade ainda seja a acessibilidade física, pois o prédio é antigo, inviabilizando a instalação de rampas e elevadores. “O maior problema é que obras desse porte requerem um investimento muito alto”, diz.

O problema da acessibilidade ao Ensino Superior, no entanto, não se resume à mobilidade física. É prevista por lei a aceitação de alunos com qualquer tipo de necessidades especiais – sejam elas visuais, auditivas ou mentais – e a recusa dessa lei prevê reclusão de um a quatro anos. Atualmente, há no curso de Jornalismo alunos com dificuldades visuais leves e, para auxiliá-los, existem programas de computador específicos que ampliam as letras e imagens, ajudando na compreensão do conteúdo. Segundo Melatti, há uma aluna com baixa visão em fase de elaboração de monografia que, além da presença do professor da disciplina, ainda conta com o auxílio de outro professor nas dificuldades mais específicas. Na unidade Centro, o acervo da biblioteca Castro Alves possui apenas dois itens adaptados para deficientes visuais: um DVD com a capa em braile do filme Ensaio sobre a cegueira, adaptado do romance de José Saramago, e uma edição do livro Jornal de Notícias todo escrito em braile.

Para auxiliar os estudantes com problemas de audição, as instituições são obrigadas por lei a contratar um intérprete para acompanhar o aluno durante as aulas e traduzir o conteúdo em libras (Língua Brasileira de Sinais), um direito assegurado pela portaria 1.679 do Ministério da Educação. Melatti afirmou que, por enquanto, não houve procura do curso de Jornalismo por pessoas com deficiência auditiva que precisassem de algum auxílio especial.

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