Quatrocentos e noventa e sete mil, trezentos e trinta e um: esse é o
número de habitantes de Joinville, conforme o levantamento de 2008 divulgado em
agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tão
estimado número de 500 mil habitantes ainda não foi alcançado. A cidade obteve
um crescimento de 1,05% no último ano – o que é pouco, se comparado com cidades
como Jaraguá do Sul e Balneário Piçarras, que tiveram um índice acima da média
estadual. Mesmo não tendo ainda uma população de metrópole, Joinville já esboça
problemas e demandas típicas das grandes cidades.
Segundo o último censo
completo realizado pelo IBGE na cidade, em 2008, os veículos pequenos que
circulam pelas ruas de Joinville chegam a 155.793 – algo equivalente a um carro
de passeio para cada três pessoas. Há, ainda, 40.433 motocicletas e 7.006
caminhões na frota, números desproporcionais se considerados os 798 ônibus
contabilizados – um para cada 623 cidadãos. Como resultado dessa matemática,
Joinville tem um trânsito cada dia mais difícil.
O administrador de
empresas Romeu Reeck Filho trabalha na zona industrial Norte e mora na zona Sul.
Todos os dias ele atravessa a cidade, levando em média 45 minutos para realizar
o trajeto. “Às vezes, opto pela BR-101, assim chego mais rápido”, afirma. Romeu
não vê problemas em transitar nas ruas dos bairros, mas diz que as avenidas
centrais congestionam a qualquer hora do dia. “Não há planejamento, nem projetos
para isso mudar. O corredor de ônibus foi uma iniciativa muito boa, pois com ele
o trânsito de carros flui, mas ainda há muito que ser feito”, avisa.
Se
analisadas a partir dos números, as opções culturais e de lazer também deixam a
desejar. Hoje, a cidade dispõe de três teatros e cinco cinemas. Pelos cálculos,
cada teatro responderia pela demanda de 165,7 mil espectadores e haveria 99,4
mil joinvilenses para cada sala de projeção, estrutura desprezível se comparada
com aquela oferecida por uma cidade como Florianópolis. A capital do estado tem
uma população aproximadamente 25% menor e uma extensão territorial 75% menor que
Joinville, mas oferece 16 cinemas e treze teatros. Recentemente, Joinville
obteve o sexto lugar nacional em pesquisa realizada pela Secretaria de Políticas
Culturais do Ministério da Cultura (MinC), em parceira com o Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). O estudo mostra que Joinville está entre
os dez municípios brasileiros com os maiores valores no Índice de Gestão
Municipal em Cultura (IGMC). Essa pesquisa avalia apenas se as prefeituras
dispõem de recursos e meios para atuar na área da cultura, portanto não tem como
objetivo medir a oferta e o acesso da população aos bens culturais.
Para
o preparador de ferramentas Nilson Vanderlei Weirich, não são insuficientes
apenas as opções de cinemas e teatros existentes na cidade, mas também são
poucos os parques ecológicos para o lazer da família. “Não temos parques para
passearmos. Com os recursos naturais que possuímos, poderia se investir mais em
infra-estrutura. Temos uma rede ferroviária que poderia oferecer roteiros nos
finais de semana”, afirma. Nilson também acredita que o crescimento da cidade
não tem acompanhado o aumento da frota veicular e da população. “Não está
havendo investimento e ampliação de ruas ou construção de viadutos em alguns
pontos da cidade. Transitar nos horários de pico, em algumas ruas de Joinville,
se tornou algo complicado”, conclui.
O trânsito também é um problema
enfrentado pelo analista de sistemas Fábio Nakazoni, que encontra nos horários
das 8 e das 18 horas os maiores engarrafamentos. “A frota aumentou muito e as
rotas não foram adaptadas para atender a demanda. Houve melhoras com o aumento
da Marquês de Olinda, a mudança do fluxo na Expedicionário Holz e a rótula na
Otto Pfutzenreuter, mas ainda faltam viadutos no Centro, na zona industrial e no
bairro Boa Vista, por exemplo”, diz. Nakazoni acredita que áreas de lazer como
zoológicos e parques infantis seriam ótimas opções para os joinvilenses. “Estive
recentemente no Morro do Finder e achei um lugar interessante para quem gosta de
trilhas e caminhada”, finaliza.
Ainda que o raciocínio leve em
consideração apenas números brutos de população, frota de veículos e salas de
cinema e teatro, é possível perceber que, enquanto não é alcançada a marca dos
500 mil habitantes, a maior cidade do estado incha à margem de um crescimento
mais justo ou harmônico. Para Joinville, os aumentos numéricos deveriam andar no
compasso das melhorias na qualidade de vida.