Os 150 lugares disponíveis não foram suficientes para comportar o
público que prestigiou as quatro primeiras noites de atividades no
recém-inaugurado teatro do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Joinville. As
apresentações iniciais da programação – que começou na sexta-feira (28 de
agosto) – superaram as expectativas de público e os ingressos que são
distribuídos gratuitamente uma hora antes do início de cada espetáculo, no
próprio teatro, foram insuficientes para atender a quantidade de pessoas que
procuraram conhecer o novo espaço de cultura da cidade.
O teatro do Sesc
foi aberto com o intuito de incentivar a movimentação cultural e dar acesso à
comunidade para que realmente aprenda e não apenas assista aos espetáculos. Para
isso, o novo espaço de arte e lazer oferece também uma galeria para exposição de
pinturas, esculturas e instalações e, desde o dia 26 de agosto, apresenta a
mostra Extenuação da pilhagem, entre ganhos e ausências, com a curadoria
de Roberto Freitas e obras de artistas veteranos como Franzoi, Tirotti e Ricardo
Kolb e de revelações como Patrícia Nermann, Priscila dos Anjos e Gugue. Segundo
Maicon Duarte, mediador da galeria, são os novos artistas que dão o tom dessa
coletiva: Gugue, por exemplo, utiliza materiais simples para retratar o
cotidiano e ainda faz releitura de obras já conhecidas. Franzoi, por outro lado,
usa os livros-ponto da antiga cervejaria Antarctica que foram descartados para
fazer uma crítica ao abandono de parte da história da cidade. A exposição segue
aberta até 29 de setembro.
Em setembro, mantendo o pique da inauguração,
as apresentações gratuitas de teatro, música e cinema no novo cine-teatro do
Sesc vão acontecer todos os dias. A partir de outubro, a programação se
restringe de terça a domingo. A entrada franca é fator decisivo para
possibilitar o acesso da comunidade à cultura. Coordenador do setor cultural,
João Daniel Zanella explica que mesmo quando os espetáculos não são pagos pelo
público, há custos que precisam ser cobertos. A unidade do Sesc de Joinville,
nesse caso, subsidia as peças e outras atrações e tem permissão para mantê-las
gratuitamente até o fim do ano. Na opinião de Zanella, o que falta para a
cultura ser mais valorizada em Joinville é a atenção do público. Ele diz que as
pessoas associam a divulgação à televisão, mas há outras formas de se provocar o
interesse dos espectadores. “Apesar disso, as pessoas vêm se interessando mais,
procurando mais os eventos culturais e isso se pode notar pela sala lotada do
teatro”, conclui.
Entre os projetos do Sesc de incentivo à cultura estão
o Palco Giratório, o Sonora Brasil e o Em Cena Catarina, que contemplam também
artistas catarinenses. O primeiro dá cobertura ao teatro e à dança,
possibilitando que diferentes grupos se apresentem por todo o país e interajam
com artistas e espectadores de outros estados. A mesma proposta é mantida pelo
Sonora Brasil no âmbito da música. O Em Cena Catarina tem princípios parecidos,
mas restringe-se apenas à circulação dentro do próprio estado das produções
teatrais catarinenses.