O sol pode enganar: segundo o Instituto Catarinense de Meteorologia, até 26 de agosto a região de Joinville terá nebulosidade variável com
possibilidades de pancadas de chuva. Essa é a preocupação dos moradores do bairro
Itaum. A região é uma das mais baixas da cidade e já foi atingida por enchentes
cerca de cinco vezes durante o período de fevereiro de 2008 a março de 2009. A
população critica a falta de iniciativa da prefeitura para resolver os problemas
que envolvem o rio Itaum Mirim.
Cama, guarda-roupa, pia, balcões, duas
cômodas e uma máquina de costura estragados foram alguns dos prejuízos da costureira
Maria de Lurdes Barbosa, de 55 anos. A moradora da rua Santa Apolônia comenta que
nas últimas enchentes a água chegou a 65 centímetros de altura da porta para dentro. Maria
trabalha em casa e lamenta: “Perdi uma das minhas duas máquinas de costura. Meu
ganha pão vem disso”. Além dos bens, os moradores sofrem com a possibilidade de
contraírem doenças como leptospirose ou serem atacados por animais como cobras.
Esse é o caso Iomar Carvalho, de 57 anos. A diarista já matou três
cobras durante as enchentes – na última, encontrou o animal dentro do seu
sofá. Sua casa fica a dez metros do rio Itaum Mirim e ela revela o desejo de se
mudar. “Ontem (quarta-feira), quando começou a chuva, pedi para que Deus me
ajudasse”, comenta. Ela diz não ter dinheiro para levantar a casa, por isso
cada vez que chove ela fica agoniada com medo de uma nova
enchente.
O comércio na região também é prejudicado com as enxurradas.
Ainton Mello Marques é dono de uma padaria e comenta que teve um prejuízo de
aproximadamente R$ 5 mil. O morador construiu muros e mudou a entrada de sua
casa para um ponto mais alto. Também instalou tubos de contenção e trocou suas
portas de madeira por PVC. “Minha mulher foi até a prefeitura, mas só
porque a gente tem comércio eles pensam que não precisamos de ajuda”, explica
Ainton.
Segundo o secretário regional do bairro Itaum, Manuel Medeiros
Machado, a maioria dos rios de Joinville está assoreada com barro, areia ou
até mesmo mato. Além disso as margens estão muito fechadas, dificultando o
escoamento da água. De acordo com o secretário, desde janeiro a prefeitura
estuda métodos para solucionar os problemas, mas só agora começaram os trabalhos
de drenagem. As obras são realizadas pela empresa curitibana Castelar
Engenharia Ltda. ainda não têm previsão para término.