Na segunda noite do Eppa (Encontro de Publicidade e Propaganda Acadêmico), realizado no anfiteatro da Univille (Universidade da Região de Joinville), na quinta (7), palestrantes discutiram o chamado “profissional 360º”. Segundo os profissionais, de nada adianta o publicitário conhecer todos os recursos tecnológicos se não souber filtrá-los, ou seja, utilizar somente o que é necessário para a empresa.
Murilo Lico, sócio-diretor de criação da agência SantaClaraNitro, que já criou campanhas para a Som Livre, utilizou uma metáfora para exemplificar o profissional ideal. “O bom publicitário tem que ser como água, ou seja, moldar-se conforme o recipiente”. Para ele, entender de todas as novidades tecnológicas é inútil, pois daqui há alguns anos todas elas estarão ultrapassadas. O profissional deve habituar-se a saber utilizar os recursos já disponíveis, mas levando em consideração apenas as qualidades do produto que pretende vender. “Temos que vender produtos e não embalagens”.
O diretor geral da Permission Inteligência Digital, Gil Giardelli, acredita que a melhor alternativa para os novos publicitários, e também para os acadêmicos da área, é abrir uma agência. “É fato que a carteira assinada está com os dias contados, meu conselho é: 'abra a sua empresa'”, sugeriu. Outro ponto abordado pelo palestrante é a falta de inovação nas campanhas. “Inovar é essencial para o bom profissional”. Murilo também compartilha das sugestões de Giardelli. Segundo o sócio da SantaClaraNitro, a maioria das campanhas publicitárias segue a mesma fórmula há pelo menos 20 anos. “O que é visto atualmente nas campanhas são repetições, não há novidades”.
Para romper com a fórmula já adotada por muitas agências de propaganda, Murilo propõe aos futuros publicitários pensar o produto antes de qualquer coisa. “Temos muitos fazedores de anúncios, mas pouquíssimos pensadores”. Antes de mais nada deve-se, de acordo com o profissional, levantar dados sobre o produto e também do cliente. “Tem que haver sinceridade na elaboração do projeto, pois o cliente é burro mas não é bobo, o dinheiro é dele e ele quer gastá-lo em um bom anúncio”, explicou.
Gramática deixada de lado
Além das sugestões dos renomados publicitários que se apresentaram na segunda noite do Eppa, um aspecto chamou a atenção em todos os slides. Os erros gramaticais. Coisas como “facil” e “historia” contribuíram para algumas acelerações cardíacas de quem assistiu as palestras (pelo menos no meu caso). Murilo Lico, durante a sua apresentação, "brincou" com a classe jornalística. “Quando a campanha é boa deixe o jornalista trabalhar para a gente”. Será que é para corrigir os textos?
Estudantes e professores falam sobre o Eppa 2009