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Matéria 8186, publicada em 13/04/2009.


:Marko Razpet/Divulgação

Charles Darwin questionou a criação divina das espécies

DVD resgata a vida e a obra de Darwin

Jéssica Michels



Quem somos? De onde viemos? Como chegamos até aqui? Por que somos o que somos? Se você anseia por saber essas respostas, poderá achar algumas soluções nas concepções de Charles Darwin, precursor da teoria evolucionista. Está disponível na biblioteca do Bom Jesus/Ielusc uma cópia em DVD do documentário Darwin 200 anos, em comemoração ao bicentenário do nascimento do autor.

O documentário é divido em quatro capítulos: o primeiro foi transmitido no dia 28 de janeiro pela Globo News e abordou a vida de Darwin. O segundo capítulo é dedicado à teoria da evolução e aos impactos causados por ela. A relação conflituosa entre o evolucionismo e a igreja cristã é o tema do terceiro episódio, quando o repórter Marcos Uchôa visita um quartel general formado por anti-darwinistas nos Estados Unidos. Os reflexos do evolucionismo no mundo contemporâneo são a base do quarto e último capítulo do documentário.

“Nós não fomos criados de uma só vez, por determinação divina: os seres vivos evoluíram e se diferenciaram aos poucos”. Esse é o alicerce do pensamento de Darwin, que demorou mais de duas décadas estudando e aprofundando sua teoria. Chegar às conclusões de Darwin, em meados do século 19, com limitado conhecimento sobre o assunto na época, foi nada menos que revolucionário.

Charles Darwin é visto como “o homem que mudou pra sempre nossa visão de mundo”. Na sua concepção, as espécies animais se desenvolveram a partir das células mais simples e nos últimos quatro bilhões de anos foram se adaptando às condições do ambiente. Algumas espécies sumiram, outras se ajustaram aos fatores climáticos e estão se reproduzindo até hoje.

“O ser humano não descende dos macacos, como muitos dizem para ridicularizar as ideias de Darwin. O que ele disse é que o homem e o macaco têm ascendentes comuns na evolução”, explica o apresentador Luis Fernando Silva Pinto. Janet Browne, da Univerdade de Harvard e também biógrafa de Darwin comenta essa critica à teoria, que ficou conhecida como “Guerra dos Gorilas”: “Depois da publicação da Origem das espécies houve um debate acirrado sobre o possível ancestral primata do homem. Coincidentemente, o ocidente conheceu nesta época o gorila, e ele foi incorporado muito depressa e de forma dramática aos debates. Muitas pessoas achavam o gorila tão agressivo e bestial que não poderia ser um ancestral dos humanos”.

Sobre a origem das espécies, a principal obra de Darwin, teve sua edição de 1.250 exemplares vendida em poucos dias. Sua mulher, Emma, era muito religiosa e se preocupou bastante com os pensamentos e teorias do marido e as consequencias de sua divulgação. Os pesquisadores não acreditam que esse seja um motivo para a demora na publicação de sua teoria, mas todos atribuem à morte de sua filha Annie, aos dez anos, a descrença em Deus e o afastamento total de Darwin da igreja.

Foi no dia 27 de dezembro de 1831 que o pesquisador iniciou sua famosa viagem de Beagle, durando quase cinco anos. Nessa viagem, ele estudou uma rica variedade de características geológicas, fósseis e organismos vivos, recolhendo meticulosamente um enorme número de espécimes. “O material coletado por Darwin daria sustentação sólida de que a natureza é uma guerra entre as espécies, vegetais e animais. E que as mais fortes e adaptadas sobrevivem. Quando as espécies se reproduzem, fazem cópias de si próprias. Mas essas cópias nem são sempre idênticas, pois ocorrem mutações ou desvios que criam variedades. Darwin chamou isso de seleção natural”, explicou o repórter Silio Boccanera.

Darwin só decidiu publicar sua obra quando recebeu a carta do naturalista Alfred Russel Wallace, que também recolheu amostras de plantas e animais de vários lugares do mundo. Em seus estudos, Wallace concluiu o mesmo que Charles Darwin. Mas isso não é visto pelo pesquisador John Parker, da Universidade de Cambridge, como plágio da teoria: “Ela não roubou nada de Wallace, não pegou nada dele. Nada, a não ser ter chegado na mesma conclusão. Darwin já tinha escrito tudo”, explica.

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