Hoje (7 de abril) é celebrado o Dia do Jornalista. E mesmo com as
ameaças que a categoria sofre com a votação do recurso contra o diploma,
profissionais da área acreditam que existem motivos para comemoração.
“Eu pessoalmente defendo o diploma”, afirma Nilson Vargas, editor chefe
do jornal A Notícia. "A faculdade promove um conhecimento teórico e prático que
não se consegue fora da instituição de ensino", completa. Para o editor, um
médico pode “saber escrever”, mas no jornalismo sua habilidade se resume a
escrever artigos.
Apesar da ameaça, Nilson acredita que a data deve ser
preservada não para lembrar apenas dos problemas que cercam a profissão mas,
sim, para reafirmar os princípios da categoria, como a humildade e a ética. Para
o editor, esses valores revelam um compromisso social que faz parte da essência
da atividade diária do jornalista, compromisso que, junto à paixão pela
profissão, faz o bom profissional continuar exercendo a função.
Mesmo
que a exigência do diploma caia, as universidades continuarão a funcionar e se o
número de acadêmicos diminuir, o conteúdo ético aprendido dentro dos muros na
faculdade continuará essencial, comenta Nilson. Enquanto houver informação e uma
sociedade interessada, haverá “motivos para vivenciar essa data”, afirma o
editor.
Nilson acredita em um “bom futuro para o jornalista, o jornalista
com J maiúsculo.” Ou seja, explica ele, no jornalista com formação. Mesmo que a
exigência do diploma caia, o processo de seleção “continuará o mesmo”, salienta
o editor. Algumas mudanças podem ocorrer dentro das redações como o aumento de
comentários de outros profissionais. Mas Nilson afirma que o processo de
apuração da notícia continuará na mão dos jornalistas formados.
Já para o
coordenador do curso de jornalismo, Sílvio Melatti, a data é uma “grande
bobagem”. Segundo Melatti, a profissão jornalística não guarda “relação com o
calendário”. Na visão do coordenador, um motivo real para comemoração dessa
data é a recente mobilização feita pela Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj) e pelos sindicatos do ramo. São atos expressivos como as caravanas
que levaram jornalistas de todo o Brasil para pressionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que devem ser lembrados. Na opinião de Sílvio, esses
atos provocam e chamam a atenção das autoridades envolvidas na votação. Se os
ministros não se preocupavam com as consequências da votação, “nesse dia eles
tiveram que se preocupar”, argumenta o coordenador.
Sobre o futuro das
empresas de mídia, o coordenador acredita que os bons jornais não contratarão
pessoas sem formação, pois os “capitalistas”, donos dessas empresas, não vão
desperdiçar seus negócios. Sílvio reconhece que existem pessoas dotadas de um
“notório saber”, um conhecimento acumulado sem formação acadêmica, mas são
exceções. Os profissionais precisam contrapor, debater, discutir e as
empresas precisam de um critério mínimo para contratá-los. Nesse caso, a
diferença está no curso superior não só pela técnica aprendida, mas pela “bagagem
cultural e humanística” que não se aprende fora das instituições de
ensino.
O jornalista, muitas vezes, precisa “matar um leão por dia” e,
segundo o coordenador, pessoas sem treinamento não suportariam esse pique: mesmo se produzirem, a qualidade estará comprometida - e baixa qualidade os
empresários não querem. SÍlvio reconhece que talvez os pequenos jornais e rádios
contratem pessoas não formadas, mas será por um período curto, pois a sociedade
exige e a qualidade é essencial.
Na visão de Rejane Gambin, professora do
curso de jornalismo do Bom Jesus/Ielusc e locutora da Rádio Floresta Negra FM, a
data deve ser comemorada pelas conquistas até agora obtidas. Uma delas é o fato
de existirem faculdades e pessoas interessadas na necessidade de levar o assunto
a sério, como comunicadores que já trabalhavam na área e agora estão
procurando a formação profissional de jornalista.
Rejane destaca: “Uma
coisa é o direito de expressão, outra é qualquer pessoa divulgar uma informação
que pode ser tomada como verdade pela população”.
Na opinião da
jornalista, empresas preocupadas com a qualidade da informação e que possuem um
“conceito jornalístico” continuarão validando conhecimentos vitais como ética e
impacto da informação.
A data também será marcada por algumas
mobilizações do sindicato dos jornalistas de Santa Catarina. Eventos que
ocorrerão dias 7, 8 e 9 de abril e terão como tema o julgamento do recurso
contra o diploma serão realizados em Concórdia, São Miguel do Oeste, Jaraguá do
Sul e Florianópolis. Abaixo seguem os horários e as localidades das
mobilizações.
Concórdia: Na delegacia do sindicato, dia 7, às 20
horas, profissionais da imprensa se reunião para um momento festivo com pauta
sobre andamento do julgamento.
São Miguel do Oeste: Na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) ocorrerá, no dia 7, o Momento
Jornalismo Unoesc 2009, às 19 horas, no auditório do Campus.
Jaraguá
do Sul: Os diretores do sindicato Lúcio Fernando Sassi, Sérgio Homrich e
Jorge Luiz Cardoso Pedroso promovem reunião festiva na quarta-feira (8), que
será aproveitada para novas sindicalizações. O encontro será às 20 horas, no Bar
do Oca, bairro Vila Nova.
Florianópolis: Na quinta-feira (9), os
jornalistas de Florianópolis reúnem-se no bar Cachaçaria da Ilha (centro),
a partir das 19 horas, para discutir o processo no STF.