Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 7998, publicada em 16/03/2009.


Abraço para despedida

Luiza Martin


Samuca se despediu de todos que estão na foto com um abraço/Charles Grigull

Um, dois, três, quatro, cinco. Deveria ser uma contagem regressiva, pois se trata de uma despedida. Mas, ela é progressiva pelo número de abraços. Mais de 30 desses gestos foram trocados durante a confraternização que marcou a saída de Samuel Pantoja Lima do Bom Jesus/Ielusc. Na sexta-feira 13 do mês de março, Samuca chegou à última página do livro que escreveu no Ielusc, em idas e vindas que somaram quase 10 anos de história.

Na sala dos professores, na unidade central, reuniram-se pessoas de diferentes setores do Bom Jesus/Ielusc. Estavam presentes o pastor e diretor Dr. Tito Lívio Lermem, além de professores do curso de comunicação social, de funcionárias da secretaria, de membros do setor financeiro, de estagiários da instituição, e dos novos coordenadores, Sônia Regina de Oliveira Santos, de publicidade e propaganda, e Sílvio Melatti, do jornalismo. Todos abraçaram e foram abraçados por Samuca e puderam ouvir um repertório musical, ao vivo, que ele escolheu para o dia. Samuel cantou e tocou “Encontros e despedidas”, “Maluco beleza”, “O tempo não pára”, “Paciencia”, “Tocando em frente” e “Amanhã” — clássicos da MPB.

A sintonia entre a direção geral e a do curso de jornalismo foi característica marcante da presença de Samuel na instituição. Em ambas as instâncias pulsava a idéia de fazer do Bom Jesus/Ielusc um lugar do conhecimento. “Samuca sempre foi uma voz muito presente na educação. E essa voz vai soar de forma contundente em outros espaços. Não temos mais um colega presente, mas o Brasil ganha um grande profissional da educação”, sentenciou o pastor Tito. Para Samuel, nessa fala, o diretor “foi muito generoso”. O ex-ielusquiano (e futuro UNBeano) cultiva “a idéia da escola que aprende” e nunca se deixa acomodar, estando sempre em busca “como o Eterno aprendiz”, de Gonzaguinha.

Na segunda-feira (16), Samuca começa a fazer a mudança. Vai levar alguns objetos de Joinville para Jaraguá do Sul, onde moram suas duas filhas, Clara Duwe Lima e Bárbara Duwe Lima. Levará também alguns pertences para Florianópolis, lugar em que vive Galeno de Sena Lima, o primogênito. Na terça-feira (17), Samuel visitará a Universidade de Brasília, para qual foi aprovado em concurso. Conseguiu o 2º lugar e sua vez parece ter chegado. Ainda não é certo que a vaga esteja disponível. Só quando confirmada a contratação, ele saberá se vai a Portugal fazer o pós-doutorado ou se fica no Brasil e abraça a carreira de professor na UNB.

Dentre esses e outros abraços, Samuca cita o trecho final do discurso de Eduardo Galeano, proferido em 1988 durante o encontro “Chile cria”, que trazia a arte a ciência e a cultura pela democracia chilena, em plena ditadura de Pinochet: “[...] E neste estado de coisas, nós dizemos não à neutralidade da palavra humana. Nós dizemos não ao divórcio entre a beleza e a justiça, porque dizemos sim ao seu abraço poderoso e fecundo. Acontece que nós dizemos não, e dizendo não estamos dizendo sim [...]”.



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