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Matéria 7983, publicada em 06/03/2009.


:Luiza Martin

Cicilia Peruzzo (dir) trocou experiências com a equipe do Jornal do Paraíso (esq)

Especialista em comunicação comunitária palestra no Ielusc

Ariane Pereira


A comunicação comunitária, a preocupação com a justiça social, os movimentos sociais e a participação do povo na mídia foram os temas da breve palestra ministrada na noite de 5 de março por Cicilia Maria Peruzzo, professora de pós-graduação na Universidade Metodista de São Paulo e convidada pelo professor Juciano Lacerda a fazer parte da banca de Priscila Noernberg. Para a professora, o estudante de comunicação — não só os jornalistas — precisa abrir um pouco os olhos e não pensar apenas na grande mídia, embora o principal produtor de notícias nos meios comunitários seja o povo.

Na palestra, que não teve muito espaço para debate devido ao tempo curto, Cicilia deu um panorama da comunicação comunitária no Brasil comentando que, apesar de haver conflitos de interesses políticos, partidários e econômicos mesmo nesse meio, também existem atores sociais que querem ajudar a sociedade. A professora deu vários exemplos de comunicação comunitária que dão certo (como o Centro de Mídia Independente, a Agência de Informação Frei Tito para a América Latina e a Agência Carta Maior) e mostrou vários jornais do gênero, inclusive um impresso em saco de pão.

“Só a comunidade é capaz de fiscalizar as rádios e TVs comunitárias”, disse Cicilia, criticando o abandono desses meios depois que a concessão é dada pelo governo. A lei não permite publicidade em veículos comunitários, o que impede que eles sejam utilizados por pessoas com interesses alheios à comunidade, mas que também dificulta a sustentação financeira das rádios e televisões. Cicilia também falou da dificuldade de se conseguir uma concessão junto ao Ministério das Comunicações por causa da morosidade do sistema e dos conflitos de interesses.

“A gente não pode tirar da comunidade o poder de fazer a própria comunicação”, afirmou a professora. Cicilia exibiu para os alunos presentes no anfiteatro um vídeo sobre a Rádio Esperança FM, que é comunitária e funciona em Guaribas, no Piauí. A cidade serviu de teste para o programa Fome Zero, e, segundo o curta, não tinha apenas fome de comida, mas também de comunicação — antes da rádio, não existia nem sinal de TV na cidade.

Quem é:

Cicilia Maria Peruzzo desenvolve e orienta estudos em comunicação comunitária. Mestre em Comunicação Social pela UMESP e doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, publicou três livros: "Relações Públicas no modo de produção capitalista", "Comunicação nos movimentos populares: a participação na construção da cidadania" e "Televisão Comunitária: dimensão pública e participação cidadã na mídia local". Foi presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e coordenadora do grupo de trabalho Comunicação Popular na Associação Latino Americana de Investigadores da Comunicação (Alaic).

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