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Matéria 7940, publicada em 27/02/2009.


Oficina de fotografia criativa é ministrada por vendedor-artista

Luiza Martin


Gravatas, cintos, sapatos, ternos, blazers. Uma profusão de artigos masculinos cercam o dia-a-dia de Sérgio Adriano H., artista, ex-atleta e vendedor que “mediará” um “bate-papo” durante a Oficina de Fotografia Criativa, oferecida no anexo dois do MAJ (Museu de Arte de Joinville). O intuito da conversa, que acontecerá no domingo (1º março) das 9h às 12h e das 14h às 18h, consiste em descobrir como conseguir boas imagens com poucos recursos. As inscrições para o curso encerraram às 17h da sexta-feira (27), com 22 vagas preenchidas. No entanto, quem ainda estiver interessado pode tentar a sorte na manhã dominical. Cabem cerca de 30 pessoas no anexo e aqueles que já se inscreveram têm prioridade. É preciso levar uma câmera, não importa se analógica ou digital.

A fotografia é uma das vertentes artísticas de Sérgio Adriano H.. O fotógrafo, formado em artes visuais pela Univille e pós-graduado em fundamentos da arte e da cultura na Unesc, já fez intervenções artísticas no Salão dos Novos, de Itajaí, Joinville e Blumenau. Em 2002, ele participou pela primeira vez de um Salão, com a obra “Padronização I”. Esta peça remete à linguagem empregada no ramo do vestuário. Quando um vendedor pede “traga-me uma alma”, ele solicita um suporte de papel-cartão, usado para manter as camisas estruturadas. Não se trata da essência dos seres vivos. Sérgio montou um quadrilátero, cuja medida era igual a cinco dessas “almas” acorrentadas na horizontal e na vertical. Algumas delas tinham grafadas “no peito” as letras P, M e G. Dentre um universo de significados, o artista buscava despertar o entendimento da coexistência de várias linguagens em uma mesma cultura e de como elas se (des)entendem.

Antes de ser vendedor, Sérgio era um esportista. Começou no atletismo em 1991 e nas vendas em 1997. Bateu o recorde catarinense, intacto por dez anos, dos 400 metros rasos com barreira, na categoria juvenil. Essas e outras vitórias o fizeram buscar uma carreira dentro do esporte. Mas, ele não queria ser técnico ou preparador físico. Notou que as roupas que usava nas corridas eram cheias de recortes e costuras. Decidiu estudar moda para criar peças mais adequadas ao atletismo, menos recortadas. Tentou o vestibular de moda na Udesc. Foi reprovado, pois não sabia desenhar. Então, o atleta buscou a técnica e a firmeza dos traços na Escola de Arte Fritz Alt em 2001 — a porta para o meio artístico começava a se abrir.

Em 2004, Sérgio parou de competir, no entanto continuou a vender, a fotografar e a “viver”. Para ele, fazer arte significa estar vivo. Quando comparecia às competições, o atleta se desdobrava em fotógrafo — atividade que desenvolvia como amador. Em meio a imagens, algumas clichês, ele percebeu que havia outras mais “pontuais”, possíveis graças ao conhecimento aprofundado sobre o esporte. Segundo Sérgio, capturar um bom momento exige um saber sobre o objeto, requer técnica e também sensibilidade. As fotos que ele fez do velório de sua mãe são condensadas de sentimentos que destronam as regras de composição da imagem, tornando o fotografar um verbo artístico. A arte para ele significa autonomia de pensamento. “Para que viemos ao mundo? Eu vim para amar e ser amado”, afirmou ele, que conjuga verbo amar por meio de suas obras.

Sobre o "H.", pungente no final de seu nome, Sérgio confessa, mantendo o mistério: “Simboliza o grande amor da minha vida”.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.