A retomada dos desfiles de carnaval em Joinville vem sendo reforçada com
a paciente - mas gradativa - participação de mais e mais pessoas naquilo que se
pode chamar de logística da folia, processo que envolve não só a presença na
avenida, mas sobretudo a organização dos blocos, a confecção de fantasias e
adereços e a criação de sambas enredo. Nesse último quesito, o espírito criativo
de dois estudantes de Publicidade e Propaganda do Bom Jesus/Ielusc tem marcado
presença: com letra de Lucas Vieira da Silva e melodia de Rodrigo Mertz da
Costa, a União Tricolor deve sambar ao som de “Recordar é viver” pelo segundo
ano consecutivo.
Torcedor do Joinville Esporte Clube (JEC) e membro da
torcida União Tricolor, Lucas encarou como natural o convite para que compusesse
a letra do samba enredo do bloco para o desfile do ano passado. Filho de Mario
Lino e Carmendia, dois partideiros de quem herdou o suingue e a batida negra, o
garoto que cresceu ouvindo samba enveredou aos 11 anos pelos caminhos do rap e
neles se fez artista como MC do grupo V.O. O desafio de compor um samba enredo,
dessa forma, foi cumprido graças à musicalidade inata e às pesquisas que fez
sobre a história do JEC e da sua torcida.
Rodrigo toca samba desde os 12
anos de idade. Tem ouvido treinado nas canções de Nelson Cavaquinho, Cartola,
Nelson Sargento e mãos acostumadas a extrair essas mesmas harmonias do violão de
sete cordas. Os ensinamentos dessa escola de bambas foram a base para o trabalho
de Rodrigo na criação de um samba enredo que mantém a complexidade dessas
harmonias, embora as apresente em outro ritmo, mais familiar à presença da
bateria e à vivacidade do asfalto.
É na avenida, aliás, que a União
Tricolor deve confirmar a crescente união de esforços que vem caracterizando o
retorno do carnaval a Joinville. Prova disso é o ecletismo do bloco: ao abrir o
desfile no sábado (21), às 20h, o samba enredo “Recordar é viver” terá como
puxadores os irmãos rappers Lucas e Tirrã, o violonista Rodrigo (que das sete
cordas salta para as quatro do cavaco) e o barítono joinvilense Douglas Hahn,
cantor lírico, prêmio Aldo Baldin 2008 por sua interpretação de Belcore na ópera
“Elixir do amor”, de Donizetti.