Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 7892, publicada em 17/02/2009.


:AEP

Cartazes sugerem mudança de postura

Fim dos exames e qualidade do ensino

Jacques Mick e Samuel Lima*


A mudança nas regras do processo de avaliação no ensino superior do Bom Jesus/Ielusc, tratada no campus como “fim do exame”, deve implicar em transformações significativas no relacionamento entre alunos e professores, orientadas pela exigência de maior rigor, inerente às novas normas. O ponto de partida é a implantação, em todas as disciplinas, de modelos de avaliação processual, que conectem o rigor à transparência em todo o percurso semestral.

O novo Regimento Interno da instituição agora define o 6,0 como nota de aprovação. Até o semestre passado, a nota de corte era 5,0: alunos que tivessem desempenho avaliado com nota igual ou superior a 7,0 eram dispensados do exame, no qual a média final para aprovação era, efetivamente, 5,0. Pela regra anterior, deveriam ser aprovados todos os alunos que demonstrassem domínio de metade dos conteúdos de cada disciplina. Metade era pouco, do ponto de vista pedagógico: um conhecimento médio de 50% é muito precário.

O Bom Jesus/Ielusc, portanto, optou por exigir um incremento de 20% na expectativa de desempenho dos alunos – o que é muito bom. É medida compatível com a necessidade de qualidade crescente no ensino superior, qualidade que se alcançará com maior dedicação de alunos e professores no processo de ensino-aprendizagem. É de se esperar um incremento no nível de exigência dos docentes, na cobrança de mais e melhores leituras, no nível de excelência na execução de exercícios, provas, trabalhos, seminários, artigos e outros instrumentos de avaliação.

Também é de se esperar dos alunos maior cobrança sobre os professores e a instituição. É justo que, submetidos a maior rigor na avaliação, os discentes reivindiquem aulas melhores e mais transparência nos critérios de julgamento, para que possam entender mais precisamente o significado de um 3,5 ou de um 5,4 – números que, em si, não dizem tanto assim. Para aulas melhores, certos aspectos da infraestrutura devem ser aprimorados; a direção geral sabe disso e, na nossa avaliação, reagirá às demandas que lhe forem apresentadas.

O fim dos exames é boa notícia por uma série de razões. Um “provão” de final de semestre é instrumento inadequado para avaliação de desempenho na maior parte das disciplinas do ensino superior. A elaboração da prova era um desafio respondido de modo quase sempre imperfeito pelo professor – afinal, como reduzir a um exame a ser feito em três horas e meia o conteúdo apresentado em 60 horas? O critério específico de avaliação dos exames era mal compreendido por grande parte dos alunos, o que levava a uma enxurrada de pedidos de revisão de prova, alguns sustentados naquele argumento falacioso: “veja, fui reprovado por dois décimos!”. A coexistência de duas notas de referência (o 7,0 e o 5,0) tendia a elevar a nota média dos alunos no período pré-exame, dificultando bastante as reprovações (pedagogicamente necessárias na maior parte dos casos). Por fim, a realização dos exames consumia pelo menos três semanas do ano letivo, que podem agora ser aproveitadas para aprofundar a troca em sala de aula, elevando o nível de conhecimento geral dos alunos em cada disciplina.

É possível que, ao final deste semestre, o volume de reprovações por disciplina se eleve, em comparação com o regime anterior. Mas isso não é desejável: o ideal é que a exigência de maior rigor contribua para aprimorar o ensino-aprendizagem. Vislumbramos no fortalecimento da relação professor-aluno a resposta mais adequada às normas fixadas pelo novo regulamento. Acreditamos que isso de fato poderá resultar em melhor desempenho, em maior fixação de conteúdo, em mais dedicação ao estudo e aos instrumentos de avaliação. Num sistema de avaliação processual, a atitude dos alunos dever ser a de buscar ampliar ao máximo o horizonte de conhecimento, em cada disciplina e/ou área específica do projeto pedagógico. A nota, em si, é consequência dessa atitude autônoma e politicamente madura. Os docentes do curso de comunicação têm clareza do seu papel e estão preparados para agir sob o novo paradigma.


*Jornalistas e professores do curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, em Joinville (SC)

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