Na tarde desta quinta-feira (27 de novembro), a Escola Básica Professor
Antônio Alpaídes Cardoso dos Santos, no Nova Brasília, recebeu doações sob
olhares atentos do coordenador Gilberto Ridmerski e voluntários. O material
vinha do Expocentro Edmundo Doubrawa e era deslocado por caminhões, Kombis e
carros do 62° Batalhão de Infantaria aos bairros Willy Tilp, Santa Mônica e
Jativoca. Cerca de 40 pessoas ainda permanecem na escola, mas a previsão é de
que a maioria retorne a suas casas até o final de semana.
Encostas dos
morros nos bairros Santa Mônica e Jativoca ameaçam ceder na pista. No Jativoca,
o nível da água já baixou bastante. Muitas casas apresentam marcas do alagamento
e rachaduras. Funcionários da prefeitura colocam pedras nas ruas, para que
automóveis não atolem na lama. E há locais onde os moradores só chegam de
barco.
Maria Sueli Marinho, que mora com o filho na rua Raulino Adrião
Gonçalves, conta que durante a enchente, só o teto da sua residência podia ser
visto. “Minha casa ainda está debaixo d'água. A água chegou a 2,25 metros. Perdi
tudo que eu tinha: eletrodomésticos, móveis, colchões”, diz. Maria está alojada
na casa de uma vizinha, que por pouco não teve a moradia alagada. Depois da
última enchente no bairro, a vizinha decidiu construir a casa acima do nível que
água chegou: cerca de dois metros.
Uma família ainda está alojada no
galpão da Igreja Nossa Senhora Aparecida, que no último final de semana chegou a
receber mais de 100 pessoas. “Mas amanhã eles já estão voltando para casa”,
conta Maria. A dona de casa, quase aos prantos, ainda desabafa: “Faz cinco dias
que meus móveis estão debaixo d'água”. Próximo à Escola Júlio Machado de Souza,
a água ainda toma conta das residências. Pedro Constante de Souza, aposentando,
afirma que há um rio que passa 500 metros atrás da casa dele. A água da chuva
chegou a invadir a moradia de Pedro, mas não causou danos
materiais.
Paula Campos, catequista e coordenadora das doações,
trabalha há 15 anos no Jativoca, mas reside no Nova Brasília. Ela lembra de
domingo, quando chegou à comunidade e viu tudo alagado: “Foi difícil. Fiquei
paralisada”. Amanhã o clube de mães do bairro, do qual Paula também participa,
vai distribuir o material que está abrigado na igreja. Há de tudo: roupas,
cestas básicas, muitos fardos de água mineral, colchonetes e produtos de
limpeza. Paula afirma que a comunidade precisa é de mais colchões. “Tem gente
dormindo no chão”, observa. Minutos depois, um ônibus chega com mais doações, e
colchões são descarregados, para alegria de Paula e dos moradores do Jativoca.
“Agora é só recomeçar”, lembra.