Mais de 90 expositores, de 23 países e 19 estados brasileiros se instalaram
no Expocentro Edmundo Doubrawa, de 31 de outubro a 9 de novembro, para a Feira
Internacional de Artesanato Mãos da Terra. Os espaços foram divididos nas ruas
A, B, C, D e E, para 143 estandes, que variavam de 12 a 36 metros quadrados. Na
parte A, concentrava-se a cultura africana, com carrancas, adornos e peças
típicas. Na parte B, havia estandes de países asiáticos, europeus e da Oceania,
repleto de tapetes, roupas e simulacros. As ruas C e D destinavam-se à cultura
latino-americana; e a rua E era voltada à gastronomia e alguns estandes que
restaram. Em média, 300 pessoas circularam diariamente no local durante os 10
dias de feira, de acordo com a M&K Art, empresa promotora do evento, de
Balneário Camboriú.
O calor incomodava a maioria das pessoas no
Expocentro. Visitantes e expositores reclamavam muito. Samille Kastering,
coordenadora de Turismo da prefeitura de Campo Alegre, comenta: “A climatização dos equipamentos de Joinville é horrível!".
Muitos estandes não se adequavam a proposta da feira de
artesanato, como o intitulado “Fotos de época”. O visitante chegava no local,
sentava-se na cadeira e era fotografado. No momento, o responsável pelo local
Jean de Azevedo dava um tratamento de “época” e entregava a foto ao cliente.
Outros estandes ofertavam bijuterias, móveis antigos e apetrechos de “R$ 1,99”,
que podem ser comprados no comércio local.
Em meio à multidão, algumas figuras chamavam atenção, como
o ceramista paraibano Manoel Francisco Dias, conhecido como Pixilô. Ele tem 69
anos de idade e 50 deles destinados às cerâmicas. Galos de angola, mulatas e
panelas de argila enfeitavam o estande capixaba. Foi convidado para mostrar aos
visitantes como confecciona as peças. O que mais gosta de fazer é a moringa, a
qual considera de confecção mais difícil: faz a tampa da peça, deixa de lado;
tece o corpo do vaso, que se estreita de acordo com os movimentos das mãos
calejadas pelo ofício. As peças demoram cerca de cinco dias para serem
finalizadas. Como o evento não tem espaço para fornos, o que é produzido no
local serve só para demonstração, pois necessita secar e passar por
pintura.
O artesão Gerson Siba, da cidade mexicana de Guadalajara, era o
responsável pelo estande do México, que atraía pela diversidade de fontes
artificiais. Gerson explicava que em seu país as pessoas adoram ter algum objeto
que contenha água, como fontes e aquários, para harmonizar o
ambiente.
Rumba, salsa, ritmos calientes ressoavam na extensão da rua D.
Três pessoas tomavam conta do estande: Olando Melina, Albelom Santa Maria e
Suzana Fernandez. Cubanos, vindos da capital Havana, vendiam desde artesanato em
papel machê até imagens de Che Guevara e bonés com a bandeira de
Cuba.
O papel machê também pôde ser visto no bloco Argentino,
supervisionado pelo casal Guilhermina e Isidro. O diferencial é que os motivos
em detalhe nas peças tinham traços da cultura aborígene e inca. “Faz parte do
estudo de Guilhermina, sobre a cultura Andina”, afirma Isidro. Teve espaço até
para palhaçada. Ao longe, já se avistava o vendedor do brinquedo “biro-biro”,
Wilson Cavezan, fantasiado de Palhaço Perereca, provocando as crianças.
Originalmente ele faz publicidade para os estandes. Mas, infelizmente, chegou
dois dias depois da abertura. A solução foi vestir-se de palhaço.
Todos os expositores passaram por um seleção. Muitos só
falavam a língua natal. Segundo Karine Romera, organizadora do evento, os
convites foram enviados para muitos países e estados. Embora o interesse por
esse tipo de feira seja sempre grande, as eleições municipais atrapalharam o
aluguel de alguns espaços. Inclusive a guerra na Palestina impediu a vinda de
expositores. A chuva constante também acabou atrapalhando o movimento nos
primeiros dias. As peças, os artefatos antigos, os produtos artesanais, figuras
interessantes e a diversidade cultural voltarão para Joinville. Com o sucesso de
público, a organização adianta que a feira ocorrerá novamente ano que vem, do
dia 30 de outubro a 8 de novembro.