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Matéria 7368, publicada em 28/10/2008.


:Priscila Carvalho

Professor Gleber Pieniz menciona teor político das músicas

mundo livre s/a tem maior público da sexta-feira

Sidney Azevedo


“Há 16 anos, dois estudantes de jornalismo de Recife lançaram um manifesto artístico que embasou o movimento manguebit, o 'Caranguejos com cérebro'”. O fato foi ressaltado pelo professor Gleber Pieniz em momento antecedente à audição da música “Cidade estuário”, primeira escolhida pelo docente, do grupo pernambucano mundo livre s/a, para a Semana Acadêmica de Comunicação do Ielusc. A leitura teve um dos maiores públicos do evento, apesar de todos os percalços.

Iniciada com quinze minutos de atraso, devido à espera do público, a leitura da banda começou com uma breve apresentação do grupo e com a justificação da escolha dos recifenses. “A densidade da proposta musical desses malandros liga-se à representação da contemporaneidade como nascimento de um modo falar que junta o tradicional e o inovador”. Havia então 37 pessoas, a maioria do curso de Jornalismo, sentadas quase todas nas cadeiras à esquerda do Anfiteatro, para quem vê do palco.

Novas levas de pessoas entravam e as músicas selecionadas de “Samba esquema noise” e “Guentando a ôia”, primeiros discos do grupo, indicavam uma rigorosa sistemática de apresentação. Gleber entremeava as músicas com a classificação das obras entre “samba acelerado”, “funk”, e “rumba” em um espaço regular de sete minutos, quando também inseria pequenas informações sobre a construção artística do rapazes que mudam periodicamente seus pseudônimos. A audição das músicas do disco “Carnaval na obra”, o terceiro e considerado pelo professor como “conceitual” e onde os artistas estão mais “ácidos”, foi acompanhada pelo pico de público: 77 espectadores.

As atenções do professor de História da Arte para o discurso político da mundo livre s/a se reteve ao relato de sua existência, apresentando o grupo com neutralidade. Enquanto as músicas tocavam, Gleber andava pelo ambiente tentando descobrir o melhor espaço para audição. Concluiu serem os últimos bancos do Anfiteatro, “sem a maciça presença de graves”, como se ouvia nas primeiras fileiras. A mescla de ritmos como o punk rock e a bossa nova estimulavam as conversas paralelas.

Os outros discos, “Por pouco”, “O outro mundo de Maria Rosário” e “Bebadogroove/Vol. 1 Garagesambatransmachine”, tornam visível, para Gleber, um “cansaço” da banda. Ao fim, ele apresentou o vídeo feito por alunos de Design da Univille para a música “Soy loco por sol”, que trata do “deslumbramento periférico com o american way of life”.

O intelectual de hoje

Terminada a leitura da banda, Gleber debateu com o repórter sobre o intelectual do futuro. Uma das assertivas do professor foi a de que “o monólogo, clássico do discurso moderno, não corresponde às novas perspectivas de pensamento, que é assinalada por obras como as da banda mundo livre”, que somariam vários modos de expressão para a formulação de uma idéia aberta ao diálogo.

“O intelectual hoje é um intelectual do diálogo”. A máxima nasceu da constatação de que, em música, a obra, ou ao menos a letra, é de cunho muito individual, “monológica”, sem a perspectiva de um debate por meio de um coletivismo.

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