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Matéria 7351, publicada em 24/10/2008.


:Ariane Pereira

Luiz Felipe Soares foi convidado pelo Clube de Cinema para falar de "Os sonhadores"

Maio de 68 francês é tema de filme e debate

Ariane Pereira


Maio de 1968 na França foi o tema central do filme e da discussão que se seguiu na sessão especial do Clube de Cinema para a Semana Acadêmica de Comunicação Social. A película exibida foi “Os sonhadores”, de Bernardo Bertolucci, e o professor Luiz Felipe Soares (UFSC) veio de Florianópolis para guiar e agitar o debate. Luiz Felipe comparou Bertolucci ao também cineasta Phillippe Garrel, e utilizou seu filme “Os amantes constantes” como um contraponto para “Os sonhadores”. De acordo com o professor, em “Os sonhadores” a resposta para a pergunta “o que sobrou da revolução?” é “nada”, ao contrário de em “Os amantes constantes”.

Em maio de 1968, uma greve geral aconteceu na França. A manifestação estendeu-se dos estudantes aos trabalhadores e rapidamente adquiriu proporções revolucionárias: em 20 de maio, o país amanheceu sem metrô, ônibus, telefones e outros serviços. Cerca de seis milhões de grevistas ocuparam as 300 fábricas da França da época. A história de “Os sonhadores” se passa nesse período. Matthew é um jovem estudante americano que se torna cinéfilo na França. Numa manifestação de estudantes num cinema em Paris, conhece os irmãos gêmeos Theo e Isabelle, e é envolvido na diferente relação que os dois mantêm.

Para Luiz Felipe — que acha uma catástrofe se como professor tiver educado uma geração “certinha, enquadrada” —, o filme faz uma ponte entre cinema e revolução e tematiza a partir do próprio cinema o mês de maio de 1968. Em “Os sonhadores”, paira o clima de dúvida e confusão, que foi um dos legados da revolução. De acordo com o professor, se os revolucionários perguntam-se o que sobrou, Bertolucci com seu filme quis fazer a mesma pergunta ou então dizer que não restou nada. Ao contrário de “Os amantes constantes”, “Os sonhadores” é cheio de citações e clichês cinematográficos, além de explicar todos os acontecimentos para o público.

Jean Almeida, integrante do Clube de Cinema, fez parte da mesa com Luiz Felipe e deu sua contribuição: para ele, não são apenas os protagonistas de “Os sonhadores” que sonham, e sim todos os personagens. Ficou a dúvida: a pergunta é “o que sobrou” ou “quem são os sonhadores”? Ninguém, nem as cadeiras do anfiteatro que ficou quase vazio antes que a discussão terminasse, pôde responder a questão.




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