A Semana Acadêmica guardou duas horas de leitura para Fred Zero Quatro, voz,
letras, guitarra e cavaquinho; Fábio Malandragem, baixo; Tony Regalia, bateria;
Bactéria Maresia, teclados e guitarra; e Marcelo Pianinho, percussão. Eles e
seus nomes incomuns são os integrantes da banda pernambucana mundo livre s/a,
sem maiúsculas, “como eles mesmos redigem”, de acordo com o professor de
História da Arte Gleber Pieniz, que apresentará sua visão da banda das 19h às
21h de hoje.
Os músicos se juntaram em 1984, sob a liderança de Fred
Zero Quatro. O primeiro disco, “Samba esquema noise”, surge passados dez anos,
após a redação do primeiro manifesto manguebit, “Caranguejos com cérebro”, em
1992, da qual Zero Quatro participou ao lado de Chico Science. O protesto era
por uma arte mais rica e diversificada, que envolvesse os ritmos regionais de
Pernambuco e o punk rock, Jorge Ben e Sid Vicious, e Noam Chomsky e os
gregos, como o ecossistema do mangue.
Os álbuns posteriores foram
“Guentando a ôia” (1996), “Carnaval na obra” (1998) e “Por pouco” (2000) e “O
outro mundo de Manuela Rosário” (2003). Eles estiveram no Fórum Social Europeu
deste ano, ocorrido mês passado, para apresentações da banda no dia de abertura
e para discutir a cultura no mundo.
Porque mundo livre
O
professor Gleber Pieniz escolheu a banda mundo livre s/a por esta ser uma
síntese de referências no campo da arte atual. Para Gleber, a banda mescla
cronismo a uma posição política bem marcada. Mas a ironia, com a qual o
professor se identifica, “é o que a torna saborosa e crocante”.
Ele
também cogitou a escolha do grupo de rap cubano Orichas. Caso trabalhasse com
literatura, escolheria o escritor americano Paul Auster. “Ele representa uma
mescla não de estilos, mas de temas, em certo grau equivalente à que faz
mundo livre na música”, afirma Gleber.