Com a presença do professor Rogério Christofoletti ontem à noite (23 de
outubro) no Ielusc para a Semana Acadêmica de Comunicação Social e sua palestra
sobre redemocratização e comunicação, um assunto vem à baila: o coronelismo
eletrônico no Brasil e, no caso de Santa Catarina, famílias que dominam o
mercado de comunicação. Segundo artigo publicado pela revista mensal multimídia
Monitor de Mídia — da qual o palestrante participa —, até 6 de outubro quatro
famílias detêm o controle das empresas de comunicação em Santa Catarina e cerca
de 271 políticos são proprietários ou sócios de emissoras de rádio e televisão
no Brasil. Segundo a Constituição, a prática é ilegal, mas existem muitas
brechas perigosas. Christofoletti comentou sobre o assunto durante sua palestra
e explicou brevemente como funciona o trabalho do Monitor de Mídia.
De
acordo com o artigo do Monitor de Mídia, que é publicado também no Observatório
da Imprensa, as quatro famílias são: Sirotski, com o Grupo RBS; os Petrelli, com
a RIC; os Brandalise, no comando da Central Barriga Verde de Comunicação; e a
família Amaral, que controla o Sistema Catarinense de Comunicações.
Não é
obrigatória a divulgação do nome dos concessionários de cada emissora, o que não
permite a transparência necessária neste meio. O Decreto-lei 236 de 1967 permite
apenas a concessão de duas TVs por estado a cada pessoa física. A manobra
realizada pelos proprietários destes meios de comunicação é distribuir as
concessões entre os parentes — com as brechas na legislação, o esquema das
famílias funciona dentro da legalidade.
Uma das lacunas mais utilizadas
para realizar irregularidades nas concessões de rádio e TV tornou-se possível em
1995, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele determinou
que as outorgas das emissoras fossem realizadas através de licitação.
Entretanto, a nova regulamentação referia-se a emissoras comerciais, o que
significa que TVs e rádios educativas poderiam ser outorgadas sem edital. Assim,
foi possível que muitos políticos se tornassem proprietários destes meios de
comunicação, deixando de cumprir o compromisso de transmitir programas
educativos.
O Monitor de Mídia
O Monitor de Mídia é uma
revista mensal multimídia que tem como papel acompanhar a os meios de
comunicação em Santa Catarina com a visão de um leitor comum, mas com os
critérios de quem sabe o que é importante para o exercício do
jornalismo.
A revista é feita por bolsistas do curso de Jornalismo da
Univali, sob a supervisão dos professores Laura Seligman, Rogério Christofoletti
e Valquíria John. O projeto existe desde 2001.