Lançado em 2 de outubro, "O tempo dos ginásios – Ensino secundário em Santa Catarina", já pode ser encontrado na biblioteca do Ielusc. O livro, com 288 páginas, é o conjunto de dez monografias sobre estabelecimentos escolares catarinenses entre o final do século 19 e meados do século 20, dentre elas, o Bom Jesus. Em cada texto há um estudo detalhado da educação brasileira a nível local.
Conforme consta no prefácio da obra, a organização desse conjunto de textos é conseqüência da pesquisa de Norberto Dallabrida sobre o Ginásio Catarinense, principal colégio secundário jesuíta de Florianópolis, intitulada “A fabricação escolar das elites”, publicada em 2001. As autoras do prefácio, Angela Xavier de Brito e Régine Sirota, reforçam que “os principais estabelecimentos secundários são quase todos privados e pagos e, ainda atualmente, encontram-se em sua maior parte sob influência da cultura escolar católica”.
Luana Bergmann Soares escreveu o artigo “Labor de resistência: tensões no Instituto Bom Jesus em tempos de nacionalização” com o intuito de apresentar “aspectos relevantes” da cultura escolar da instituição, procurando compreender os conflitos que surgiram entre a fundadora e diretora do estabelecimento, Anna Maria Harger, e o interventor federal de Santa Catarina, Nereu Ramos – ambos representantes de grupos sociais distintos no estado. Ela inicia o texto narrando a vinda de Getúlio Vargas a Joinville, em 1940 e, a partir daí, “volta no tempo”, retomando as principais divergências do colégio com o governo, durante o período do Estado Novo.
O artigo é dividido em dois subtítulos. No primeiro, “Disciplina e co-educação para os filhos da elite joinvilense”, é descrita a trajetória de Anna e sua luta para conseguir inspeção permanente do Ministério da Educação para o Instituto Bom Jesus. Luana analisa também o colégio como instituição educacional, falando sobre o primeiro regimento interno do Ielusc, que implantava um “regime autoritário de vigilância e punição”.
Na segunda parte do texto, “Instituto sob holofotes da suspeita: medidas nacionalizadoras e resistências”, a autora explica o regime do Estado Novo, quando a educação passou a ser considerada “problema de segurança nacional”. Ela fala também sobre as acusações que o instituto e a diretora receberam, dentre elas, a de receber dinheiro vindo da Alemanha para atender alunos de origem germânica, o que “prejudicaria o projeto nacionalizador do governo varguista”.