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Matéria 7107, publicada em 26/09/2008.


:Reprodução

"Ensaio sobre a cegueira" não tem previsão de chegada em Joinville

Joinville é esquecida no circuito cinematográfico

Ariane Pereira


Joinville não é uma cidade muito rica em cinema. Pelo menos é o que diz o senso comum de seus habitantes, mas, pode também ser provado pelas próprias companhias exibidoras. Não há previsão para que “Ensaio sobre a cegueira”, do diretor Fernando Meirelles, por exemplo, chegue — das duas companhias de cinema existentes aqui, que têm, no total, salas em 36 cidades do Brasil, o GNC possui apenas uma cópia do filme. Mas os responsáveis por isso não são empresas como Arco-Íris e GNC, e sim, as distribuidoras. A Fox Filmes disponibilizou 95 cópias do longa-metragem do diretor brasileiro pelo país. Grandes metrópoles e companhias exibidoras têm preferência por proporcionarem mais visibilidade ao filme e mais lucro. Assim, cidades menores, como Joinville, dificilmente recebem películas que não pertençam à lista dos famosos blockbusters norte-americanos. Estes sim, distribuídos em grande número.

O diretor de programação do GNC, Hormar Castello Junior, conta que as distribuidoras é que definem os circuitos de lançamento dos filmes. "Não há um critério bem definido, bem claro. Normalmente o que é considerado é o potencial da praça, independente de quem [exibidor] esteja naquele determinado local", diz. Muitas vezes as companhias exibidoras insistem para que as distribuidoras disponibilizem um número maior de cópias dos longa-metragens mas, segundo o diretor comercial do Grupo Arco-Íris, Mario Luis dos Santos o custo de uma cópia de filme tradicional, o de 35mm, gira em torno de R$ 5.000,00 para a distribuidora. Para ele, a solução seria o cinema digital — a cópia deixaria de ser um objeto “físico” e passaria a ser virtual. Dessa forma, todos os cinemas poderiam lançar os filmes simultaneamente. Entretanto, as companhias exibidoras teriam que ter os equipamentos apropriados para essa tecnologia, o que ainda inexiste no país — apesar do cinema digital baratear e acelerar o tempo de produção. Mas a moderna tecnologia ainda tem um problema: não superou ainda a qualidade da imagem analógica.

Curiosamente, nenhuma das salas do Grupo Arco-Íris — quinta maior companhia exibidora do país, com operações em 32 cidades — está exibindo "Ensaio sobre a cegueira". Segundo Lucas Pestana, da assessoria de imprensa da Fox Filmes do Brasil, como “Ensaio sobre a cegueira” não é um filme tão “simples”, tem um público reduzido. Isso e o fato de muitas das cenas da película terem sido gravadas em São Paulo e o diretor ser Fernando Meirelles faz com que esta cidade e outras grandes metrópoles onde, naturalmente, estão também os maiores cinemas, tenham prioridade em receber obras como esta.

“Ensaio sobre a cegueira” é uma adaptação para o cinema do livro que rendeu ao escritor português José Saramago o prêmio Nobel de literatura, em 1998. Quem quiser assistir ao filme tem de ir a Curitiba, cidade mais próxima onde ele está sendo exibido em cerca de quatro cinemas, desde sua estréia em 12 de setembro — e mesmo assim, em alguns deles, como no Cinemark do shopping Barigüi, a exibição só ocorre às sextas e sábados.

Até o fechamento desta matéria, a assessoria da Fox Filmes ainda não havia respondido questões relacionadas ao funcionamento da relação distribuidora e companhia exibidora e nem qual o motivo de terem sido disponibilizadas apenas 95 cópias de “Ensaio sobre a cegueira”.

Confira uma das críticas a crítica de “Ensaio sobre a cegueira” e o blog de Fernando Meirelles sobre o filme.

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