Fernanda Lange assistiu ao filme “Monster” e dele surgiu a inquietação que
começou a ganhar corpo em sua monografia — nota 10 em 12 de agosto. Antes de
entrar em terrenos ielusquianos, a inquietude era pelos “erros do mundo”. Esse
desconforto aliado ao gosto pela leitura e escrita levaram a formanda para o
jornalismo, com a intenção de “suscitar mudanças no âmbito social”. Ela acredita
que um texto é capaz de “desconstruir certezas” e tenta mergulhar fundo no
conhecimento, pois na teoria encontra um lar para os pensamentos.
O topo
da lista de aprovados para o vestibular de jornalismo, em 2004, foi ocupado por
Fernanda, que não escondeu a felicidade diante dessa conquista. O afinco de
caloura se sustentou nos tempos de veterana e até o final do curso. Quem define
o esforço da formanda é o próprio namorado, que há cinco anos a acompanha. Ivan
Almeida trabalha como editor de áudio no Ielusc. Ele presta suporte aos alunos
que precisam utilizar as tecnologias de gravação e edição — aplicadas na
experimentação das técnicas de disciplinas práticas. Nos momentos de edição
eletrônica, Ivan percebia em Fernanda a vontade de desenvolver bem todas as
tarefas, porque notava o esforço da namorada em se manter no curso e o quanto
ela valorizava a experiência acadêmica.
Os últimos meses do ano estão
reservados para o descanso e, “inquieta”, Fernanda já se interessou por um
mestrado em Sociologia na UFPR (Universidade Federal do Paraná) e por uma
pós-graduação em cinema na Tuiuti (de Curitiba). Ciências humanas e estudos
na mesma linha de “Monstro”, título de sua monografia, consistem no interesse da
recém-formada, que pretende se dedicar ao cinema por “puro prazer”. “Rex” é o
nome do documentário, disponível na biblioteca, feito por um grupo de
alunos que Fernanda integrou durante um seminário de cinema. Ela, que
é fã de Rex Johnson, músico do folk e do blues, considerou a experiência
especial e um dos melhores momentos no curso de jornalismo.
Um dos
episódios mais dificultosos para a formanda envolvia a arte da entrevista.
Quando precisou apurar informações para escrever um perfil sobre um
hippie da praça da Biblioteca Municipal, Fernanda recorreu a um calmante
para conseguir vencer a timidez e a incômoda sensação de deslocamento, que por
várias vezes acomete estudantes de jornalismo. Ela não se sentia segura e
acabava pensando que representava um estorvo para a fonte e confirma: “Sempre
preferi a teoria à prática”.
“Eu durante a faculdade, quase não assisti
TV, nem li jornal. Mergulhava nos textos e nos livros. Agora preciso me
atualizar e estudar”, disse Fernanda. Portanto, ela ainda não se encaminha para
o mercado. Acredita que é preciso dominar conteúdos que permitam a construção de
uma análise e a reconstrução de um contexto, ao invés da simples exposição e
relato dos fatos. Para tanto, é necessário conhecer história, geografia e
“estudar até nos sonhos”.