A partir de 2009, o Bom Jesus/Ielusc não terá mais a prova de exame,
recuperação para os alunos que não atingiram a média 7,0 durante o semestre. A
média passará a ser 6,0 — com o exame, era 5,0 —, e o aluno que não conseguir
atingi-la, será reprovado. Não está definida ainda a nova forma de avaliação que
será utilizada pelos professores, mas provavelmente haverá três notas durante o
semestre. A decisão foi tomada nas reuniões dos colegiados em 2007, aprovada
pelo MEC este ano, e valerá para todos os cursos de ensino superior do Ielusc.
Outras universidades, como a UFSC, Unisul e Univali, já usam esse sistema há
algum tempo.
Um dos objetivos do novo sistema é melhorar a qualidade do
ensino na instituição. Sem mais essa chance de recuperação, o estudante teria de
se esforçar para ser aprovado na matéria, o que geraria um melhor aproveitamento
do semestre. Outro motivo é a revisão do exame — que ocorre quando o aluno
questiona a correção da prova. O professor escolhido para a revisão não é o que
acompanhou o aluno na disciplina durante o semestre, e avalia apenas a prova de
exame, o que nem sempre significa que o estudante está realmente apto a ser
aprovado.
Esta decisão deixou alguns alunos satisfeitos, outros, nem
tanto. Uma das principais alegações dos estudantes que são contra a extinção do
exame é em relação às pessoas que trabalham o dia todo, que muitas vezes não
conseguem acompanhar o ritmo da disciplina e dependem do exame para não ter de
refazê-la. O coordenador do curso de Comunicação Social, Samuel Pantoja Lima,
destaca que em sua experiência como coordenador pôde perceber que as pessoas que
têm vários compromissos fora da faculdade geralmente são as mais
esforçadas.
O estudante de Publicidade Caio Biagiotto, na fase final do
curso, trabalha 40 horas semanais e é a favor da extinção do exame. Para ele, o
método adotado obrigará os alunos a se aplicarem mais, e admite que já foi
aprovado em disciplinas que não merecia graças à prova de recuperação. Caio
observa que os alunos em exame são obrigados a estudar para a prova, o que já
deveriam ter feito antes, durante o semestre. Na opinião do estudante, a média
6,0 não é difícil de ser atingida.
Clayton Felipe Silveira, do sexto
período de Jornalismo, é contra porque acha que “é muito difícil dar conta do
que é exigido”. O estudante foi vice-representante de classe em 2007 e esteve
presente na reunião do colegiado de Comunicação Social na qual foi decidido o
impasse, por consenso. Felipe também trabalha o dia todo e acha que a faculdade
vai ficar ainda mais “puxada” para quem trabalha. Para ele, todos têm ou terão
dificuldade em alguma disciplina em certo momento.
A nova regulamentação
suscitou debate na comunidade do curso de Jornalismo no Orkut, a “Jornalismo
Ielusc”. Rafael Silva, do segundo semestre de Jornalismo, foi um dos
participantes mais ativos, e é contra a extinção do exame. Na discussão online,
o estudante adotou uma posição radical em relação ao assunto e alega que suas
opiniões na comunidade foram exageradas para “chamar a atenção”, pois poucas
pessoas estavam cientes da nova medida. Para Rafael, a extinção do exame deveria
valer apenas para quem ingressar no Ielusc em 2009, pois se sente “enganado com
uma alteração nas regras depois de ter entrado na instituição”.
A Univali
já utiliza o método há quatro anos. A média é 6,0 — exceto para as disciplinas
de final de curso, cuja média costuma ser 7,0 —, e o sistema foi implantado com
o objetivo de melhorar o processo de avaliação e aprendizado. Na Universidade do
Vale do Itajaí, o aluno pode contestar a reprovação: uma banca de professores se
reúne para avaliar o aluno, mas geralmente o professor que o reprovou não faz
parte dessa discussão. A gerente de ensino e avaliação da Univali, Cássia Ferri,
diz que a forma como se dá essa revisão depende de cada caso, e os alunos não
costumam discutir a reprovação por já terem acompanhado seu desempenho durante o
semestre (o processo de avaliação é composto por três notas). Portanto, não são
pegos de surpresa.
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