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Matéria 6729, publicada em 20/08/2008.


:Carolina Wanzuita

Oricelma escolheu 300 edições do jornal como objeto de pesquisa

Área rural de Joinville é pouco vista no jornal A Notícia, diz trabalho

Carolina Wanzuita


Com o trabalho intitulado “A (In) visibilidade da área rural de Joinville no jornal A Notícia”, Oricelma Dutka, estudante de Jornalismo, mostrou que esta área só se torna visível no jornal quando o assunto é industrialização, urbanização e turismo, ou seja, começou a ganhar visibilidade pelo fato de estar sendo industrializada. A defesa ocorreu no dia 11 de agosto, às 21 horas, na sala C-27. A monografia, orientada pela professora Valdete Niehues, foi aprovada com nota 8.

A aluna escolheu mais de 300 edições do jornal, entre 1923 e 2007, e estudou os critérios utilizados para a seleção das notícias. A aluna relatou também a relação do jornalismo com historiografia, ou seja, os jornais como fonte de pesquisa. Oricelma constatou três momentos: de 1923 a 1950 não havia matérias sobre o campo; em 1950 começaram a aparecer devido a mudanças na cultura e inversão de valores (o rural começava a urbanizar-se); e a partir de 1980, quando o jornal passa a enfatizar questões industriais e turismo. De 2005 a 2007 houve queda das matérias de atividade agrícola, por causa da saída do repórter Herculano Vicenzi, setorista da área, quando o A Notícia foi vendido ao Grupo RBS.

A acadêmica concluiu que a influência dos neo-rurais contribuiu para a visibilidade do campo. “A historiografia, a partir da industrialização, elegeu a população urbana para edificar as bases da sociedade joinvilense, deixando, portanto, a área rural invisível”, disse Oricelma.

Jacques Mick e Luis Fernando Assunção, componentes da banca, concordaram que o tema é de grande relevância, mas que Oricelma deveria ter dado mais espaço para o repórter Herculano Vicenzi. A acadêmica respondeu que este não era seu foco de pesquisa. “O tema é bastante positivo, uma vez que envolve o jornalismo local e muitos outros alunos adotam temas muito abrangentes, fora da mídia local”, argumentou Luis Fernando. O professor ainda disse que Oricelma abordou de forma correta a questão da invisibilidade ao constatar que o meio rural está à margem da mídia. Contudo, a banca falou que a questão do processo jornalístico dentro da redação deveria ser mais aprofundado. “É um tema relevante, tem que estar na biblioteca”, declarou Luis Fernando.

Jacques destacou a amplitude do material analisado, que se estende em 80 anos de jornal. O professor também disse que um dos pontos positivos foi a crítica ao modo como o jornal trata da transformação do rural num período em que também o urbano e o jornalismo se modificam sensivelmente. Para Jacques "os limites encontram-se na pulverização dos conceitos utilizados para analisar o material, o que dispersou a interpretação em vertentes que não se articularam adequadamente entre elas". Contudo, considerou a pesquisa sobre o campo de grande importância para entender as transformações do urbano.

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