Mariana Wojciechovski, estudante de Jornalismo, fez um relato etnográfico,
só que virtual: “viveu” no Second Life — ambiente simulador da vida real com alguns
adendos — durante um mês. Acabou concluindo que apesar das diferenças e das
novas possibilidades, esse mundo virtual acaba reproduzindo as regras de
convívio social do mundo real. Na opinião da banca o trabalho não alcançou a
profundidade necessária e mereceu a nota 7,5.
Analisando avatares
(representações gráficas no mundo virtual de uma pessoa real), cenários,
participações e códigos de linguagem, Mariana percebeu que é necessário ter um
determinado estilo para ser aceito em alguma das tribos do Second Life. No fim
das contas, as regras vigentes e as interações sociais que se dão neste meio são
iguais às da vida real. Para fazer estas observações, usou análises de sua
orientadora, Maria Elisa Máximo, e teóricos como Goffman, na construção de
identidades e Geertz, na proposta da perspectiva etnográfica. Em relação a isso,
foi criticada pelos avaliadores, Juciano Lacerda e Silnei Soares. Para eles, um
relato etnográfico é mais denso do que o que a aluna apresentou em sua
monografia, e o diálogo com Goffman não foi tão intenso como o prometido em
várias das páginas do trabalho.
Para a banca, o mérito da monografia de
Mariana é se propor a estudar algo tão recente como o Second Life, sobre o
qual ainda não há muitos artigos e bibliografia. Outra coisa importante para
ambos é que o trabalho defende, desde o começo, que na internet também se dá a
vida real, não seguindo o senso comum de que o mundo virtual é separado deste no
qual vivemos a realidade física. Entretanto, segundo Silnei, Mariana ressaltou
muito o que é igual no mundo real e no Second Life, e teria sido melhor se ela
tivesse buscado e analisado as diferenças, isto é, o que foge às regras no
simulador. O avaliador concluiu que pelo trabalho da estudante é possível ver
que nem tudo no Second Life é tão “pós-moderno quanto parece”. Para Silnei,
faltou também diálogo com os teóricos, ao que Mariana admitiu ter sido difícil
“bater de frente” com os autores.