Até que ponto um site de relacionamentos pode atrapalhar um namoro fora do mundo virtual? Para encontrar respostas, Fernanda Alves de Oliveira, estudante de Publicidade e Propaganda, elaborou sua monografia, intitulada “Relacionamento no Orkut e seus reflexos na vida real: estudo de caso nas comunidades virtuais ‘Namoro acabou, Orkut ficou’ e ‘Namoro + Orkut = brigas 24 horas’”. A defesa ocorreu no dia 13 de agosto, às 21h, na sala C-21 e o trabalho foi aprovado com nota 7,8.
Orientada pela professora Valdete Niehues, Fernanda procurou as comunidades virtuais e elaborou questionários. Como não obteve sucesso – apenas quatro integrantes responderam –, a aluna resolveu fazer uma observação dos perfis cadastrados.
A acadêmica constatou que existem mais de 150 comunidades no orkut relacionadas com término de namoro. Uma das metodologias usadas para analisar os depoimentos escritos pelos membros no fórum (espaço para discussão criado na comunidade) consistiu em fazer recortes procurando palavras como “traição”, “namoro” e “virtual”. A partir destes depoimentos, Fernanda baseou-se em estudos sobre comunicação, cibercultura, ciberespaço e sociabilidade para elaborar suas argumentações.
“Tratam o orkut como culpado pela chamada traição virtual”, disse Fernanda, concluindo que a liberdade de expressão e o aumento do número de contatos por meio do orkut são motivos de briga e que o relacionamento offline fica desgastado e suscetível a interferências de outras pessoas no mundo real ou virtual. Ela ainda se baseou na teoria de Donna Haraway, socióloga americana, para dizer que “estamos nos convertendo de organismos biológicos em organismos cibernéticos”.
Juliana Bonfante, um dos examinadores da banca, achou o trabalho interessante e conciso, mas sentiu falta da posição da aluna em relação aos autores. “Como sugestão”, falou Juliana, “você poderia usar as pessoas como fonte para uma pesquisa mais elaborada”. Fernanda utilizou somente o questionário, não conversou reservadamente (via correio eletrônico, mensageiro instantâneo) para melhor aprofundar a pesquisa.
“Não entendo o porquê de as pessoas gastarem tanto tempo no orkut”, disse Gabriel Castellani, componente da banca, ao iniciar suas considerações. “Só na minha aula, por exemplo, os alunos gastam quatro horas”, falou o professor, arrancando gargalhadas dos estudantes presentes. Gabriel concorda com os aspectos apresentados por Juliana e disse que “faltou costurar as idéias do trabalho”. O professor ainda questionou o método utilizado pela aluna para conseguir informações. “Criar tópico em uma comunidade pode intimidar a fonte, que talvez não queira publicar a resposta para todos verem”, afirmou. Para ele, é preciso ser cauteloso com o site de relacionamentos. “Tem que tomar cuidado com o orkut, é pior que droga”, declarou.