A noite de terça-feira, 12 de agosto, dividiu-se em dois momentos no anfiteatro: a palestra de Bernadete Wrublevski Aued, professora de sociologia da UFSC, sobre as transformações no mundo do trabalho e o capitalismo, às 19h30, e a defesa da monografia de Miriam Luiza Pedrotti, estudante de jornalismo, intitulada “Assédio moral e assassinato psicológico no jornalismo de tevê em Joinville”, que teve início às 21 horas. Participaram do debate com Bernadete, após a palestra,os professores Jacques Mick e Valdete Niehues.
Bernadete trouxe reflexões sobre o conceito de trabalho, que vem se modificando ao longo dos séculos – não somente por questões históricas, mas teóricas, já que teoria e história caminham juntas. A professora explicou que o advento da maquinaria, que é uma categoria histórica, “não é nem bom, nem ruim”. A questão é “quem ganhou e quem perdeu com isso”. Contudo, é certo que a máquina desbancou profissionais, disse Bernadete. A questão implícita é: quem é o objeto e quem é a máquina?
Além de explicar como e quando surgiu o capitalismo e a produção da sociedade burguesa (vale lembrar as aulas da professora Valdete, em que muito se discute sobre isso), Bernadete lançou perguntas como “por que há tanto problema no trabalho?”. Em seguida respondeu: “Porque naturalizamos as coisas, como se desde sempre usássemos computador, celular”. Ela explicou que estas “coisas” (palavra bastante usada na palestra) foram inventadas por alguém e criou-se uma necessidade em cima do objeto inventado, assim como o trabalho. “Entretanto, nossas necessidades são, muitas vezes, as de outras pessoas”, completou.
Um dos pontos relevantes da palestra foi de mostrar a obrigatoriedade que orbita em torno do trabalho, ou seja, a labuta está em primeiro lugar na lista das coisas mais importantes da vida. As transformações que ocorreram a partir desta premissa, são o surgimento das várias formas de organização dos trabalhadores desde o século 19 (proteção, auto-gestão) e a constatação de que é impossível viver sozinho no sentido de satisfazer as próprias vontades. “Calculem o tempo em seus relógios e vejam quanto se usa para trabalhar e quanto sobra para o lazer”, conclui Bernadete. Após a palestra, a professora juntou-se a Valdete para compor a banca de monografia de Miriam Pedrotti.