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Matéria 6693, publicada em 12/08/2008.


:Luiza Martin

Márcia ergue o trabalho escrito para mostrar imagens não colocadas na apresentação

Análise de anúncios de lingerie gera debate

Luiza Martin


“Essa mulher diz: eu tenho um pênis grande. E esse pênis é a criança”, afirmou Márcia Amaral quando viu a imagem que mostra uma gestante vestida com roupas íntimas e um laboratório científico de fundo. Na foto ainda estava escrito: “Engenharia genética e clonagem, para mim, é falta de homem”. A professora Márcia participou, no dia 11 de agosto, da banca de Juliana Kursancew junto de André Scalco. Sob orientação de Marcelo Correia, a aluna recém-formada publicitária, defendeu o trabalho “Psicologia da lingerie — A presença dos arquétipos de Jung nos anúncios Duloren”. Às 22 horas, Juliana soube que seu trabalho foi cotado em 7,5.

Juliana “começou do zero”, conforme conversa com a professora Márcia, após tomar conhecimento de sua nota. Ela não conhecia a palavra arquétipo, usada por Carl Gustav Jung para evocar mitos (por exemplo) que se formam no inconsciente coletivo, constituído a partir da repetição constante de experiências que adquirem apelo universal e que se manifestam, individualmente, nos sonhos, nos delírios e na arte. Juliana partiu da leitura de “O homem e seus símbolos”, de Jung, e elencou os arquétipos da grande mãe, da mãe terrível, o da virgem oposto ao da prostituta e o da guerreira. De todos eles, segundo a publicitária declarou durante a argüição, o da virgem, que representa beleza, sedução, fascinação e ao mesmo tempo doçura, é o mais freqüente nos objetos estudados. Foram escolhidos dez anúncios. A pesquisa conclui que a Duloren mostra a “mulher nas suas diferentes formas... e não como objetos e figuras de desejo e ideais de beleza”.

Márcia Amaral levantava as folhas de papel que reuniam a análise de imagens para que os 40 ocupantes das cadeiras da sala C-21 observassem as ilustrações. Comparou o fundo vermelho em chamas, que parecia o inferno para Fernanda, ao “útero” da mulher, e os tridentes, denominou símbolo fálico. Além de mostrar o endereço virtual da marca, o anúncio trazia grafado o verbo “entre”. Na concepção da aluna, a composição dos elementos encaminhava para uma visita ao sítio da Duloren. Já Márcia trouxe a psicanálise para explorar as imagens “riquíssimas” e comentou que elas precisariam ser confrontadas com uma leitura semiótica. “Faltou aprofundamento em cada teoria”, concluiu a professora. Ela não fez perguntas à aluna.

“Sensualidade com que objetivo?”, questionou André Scalco quando a publicitária expôs sua análise dos anúncios, que mostrava a “mulher sensual, mas doce”. Juliana tentou estruturar uma resposta e não conseguiu — ela se declarou, perante o público, “nervosa”. O professor do curso de publicidade e propaganda sugeriu que um objetivo da pesquisa fosse retirado por não ter sido desenvolvido. Tal meta consistia na elaboração de um estudo sobre os consumidores, que desvendaria o motivo que impulsiona a compra e se ele tem relação direta com o significado produzido pelas imagens no imaginário individual e coletivo, dentre outras evidências passíveis de serem descobertas.

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