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Matéria 6540, publicada em 03/07/2008.


38% dos acidentes de trânsito são com motos, aponta TCC

Djulia Justen


Trinta e oito por cento dos acidentes de trânsito em Joinville estão diretamente relacionados a motociclistas. É o que diz a pesquisa realizada para conclusão de curso de fisioterapia da Univali, pelos estudantes Davi Carpintério Pinto e Fernanda Drolshagen Guirguis. Foram analisados 3.348 prontuários de acidentes de trânsito, atendidos pelo Corpo de Bombeiros, entre outubro de 2006 e fevereiro de 2007. Destes acidentes, 1.282 envolveram motocicletas, o que gerou 1.141 vítimas. O que demonstra quase uma vítima por acidente. Segundo dados do Ipea de 2006 (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), citados no TCC, são gastos R$ 1.040,00 com cada acidentado que fica ileso, R$ 36.305,00 para um ferido e R$ 270.165,00 em apenas um morto. Para Fernanda, acidentes de trânsito são um problema de saúde pública e que poderiam ser evitados com programas de prevenção e conscientização.

A pesquisa também revela o perfil dos acidentes e das vítimas. Das 1.141 vítimas, 907 eram do sexo masculino, o que representa 79% do total. Em relação a condição do acidentado no momento do sinistro, os condutores são os mais lesados e somam 72%. Em relação a idade, 44% das vítimas têm entre 18 e 25 anos. Outros dados apontam a área da cidade e o horário. A ocorrência maior de acidentes é o já conhecido horário do rush, das 17h às 20h, com 233 acidentes. Estes representam 21% dos sinistros e as lesões nas vítimas são leves. Entretanto, os choques que mais traumatizam, levam ao coma, acarretam fraturas dos membros e geram óbitos ocorrem entre meia-noite e 5h da manhã, com incidência maior nas primeiras duas semanas do mês, quando se efetua o pagamento dos salários. Foram 107 ocorrências que representam 9,7% dos acidentes. A região da cidade onde mais acontecem acidentes é na zona sul, logo após vem a leste e a área central.

Para a fisioterapeuta, a incidência dos acidentes com motos se deve a alguns fatores determinantes. Um deles é ser um veículo fácil de adquirir, pelo baixo custo e pelas vantagens de compra. Outro motivo é a mobilidade que o automotivo de duas rodas proporciona: a agilidade em trafegar num trânsito caótico. Outro fator é com relação as vias públicas, que não aumentaram na proporção do crescimento da cidade. São nos acidentes com motocicletas que ocorrem as fraturas dos membros superiores e inferiores, as mais traumáticas. No pré-atendimento feito pelo Corpo de Bombeiros, 67% dos casos já apontam suspeitas de fraturas. “O pára-choque da moto é o corpo do condutor”, explica a pesquisadora.

Segundo Fernanda, que também é voluntária há mais de três anos no Corpo de Bombeiros de Joinville, a única maneira de diminuir o número de vítimas no trânsito é com iniciativas que mostrem o transtorno dos acidentes, a partir de uma campanha de prevenção. Ela elaborou um projeto, baseado no programa “Pense Bem” que foi aplicado em Maringá, no estado do Paraná. No programa para a cidade de Joinville os objetivos são esclarecer o que é o trauma e estimular ações preventivas no trânsito para diversos públicos, a fim de que a meta seja alcançada: a redução do número de acidentes. Para que esse esclarecimento atinja toda a população joinvilense, é necessário a união de entidades públicas, privadas e religiosas nas ações (blitz educativas e noturnas, distribuição de panfletos, palestras e divulgação da mídia). Para a fisioterapeuta, o projeto de prevenção só surtirá efeitos a longo prazo para conscientizar futuros motoristas.

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