Cerca de 90 pescadores fizeram um protesto nesta sexta em frente à Justiça Federal de Joinville. Com dificuldades na pesca desde fevereiro deste ano por causa da barcaça da Norsul, que tombou na noite do dia 30 de janeiro após começar manobra para entrar no porto de São Francisco do Sul, os pescadores exigiram uma pensão alimentícia de R$ 1.500,00 por mês, alegando dificuldades na pesca. A pensão foi concedida. Até o momento, 980 pessoas receberam duas parcelas. O protesto aconteceu porque o Ministério Público teria acatado um pedido da Norsul para prorrogar o prazo de pagamento, que seria em 25 de maio, para mais 90 dias. Na Justiça Federal de Joinville nada se sabe ainda a respeito disso, e foi decidido hoje em audiência que as dúvidas seriam esclarecidas.

Para o geógrafo Marcon Machado, que é assessor técnico de uma das colônias de pescadores envolvidas no caso, a Norsul está querendo ganhar tempo e 1.030 pessoas ainda não receberam a pensão. Entre essas pessoas está Adelair de Paula, matriarca de uma família de pescadores. “Para quem realmente precisa, eles ainda não pagaram”, indigna-se ela. Adelair argumenta que a Baía da Babitonga está poluída e os peixes estão ruins. Segundo ela, depois que a barcaça virou, o movimento de vendas dos pescadores caiu drasticamente. A pesca é a única fonte de renda de sua família.

Pescador vereador

Dentre as inusitadas figuras presentes no protesto nesta tarde de sexta-feira, destaca-se Celso João Gambeta. De boina na cabeça e fumando muito, como a maioria esmagadora dos manifestantes, ele critica o governo enquanto mantém uma conversa com um outro senhor, que em meio as críticas, responde: “O Lula é gente fina, eu votei nele”. Mas para Celso, o Congresso “é a vergonha desse país”. Com toda a sua raiva dos políticos, o pescador conta que se candidatou a vereador pelo antigo PFL nas eleições de 1990. Não foi eleito, e diz que nunca mais irá se candidatar.