Existem 156 milhões de endereços cadastrados na web, inclusive este que o internauta está lendo, de acordo com a Netcraft, site de segurança e estatísticas da internet. Em meio ao vasto número de informação veiculada e às diversas formas de expressar pensamentos, surge a questão da permissão ou não de comentários anônimos em determinados sites. No caso da Revi, a matéria que mais rendeu comentários anônimos foi, até agora, sobre o furto da biblioteca central do Bom Jesus/Ielusc – o famoso “Caso WC”.
Os comentários anônimos na revista eletrônica estão gerando debates. Muitos leitores, indignados com o conteúdo, pedem um controle no portal alegando que, muitas vezes, aquele que não assina o nome diminui ou não leva a sério a discussão. Por outro lado, há aqueles que defendem o anonimato com o argumento de que o jornalismo atualmente está muito sisudo, e os textos apócrifos geram o que falta na prática jornalística atual: o humor.
Para alguns, vetar a opinião de quem não se identifica seria interferir no que o mundo digital permite: a democracia. Em entrevista à revista Época, David Weinberger, professor de Direito na Universidade Harvard, dos Estados Unidos, disse que muitas vezes o que se encontra na internet são conversas, fundamentos de relações sociais e, estes podem representar sentimentos que muitas vezes não são civilizados. “Temos mais discursos gentis e ao mesmo tempo mais discursos negativos e sujos, assim como engraçados, religiosos... Eu odiaria se fôssemos todos uma massa homogênea”, relatou Weinberger, defendendo o anonimato como liberdade de expressão. (Leia a íntegra da entrevista).
Já Luiz Weis, jornalista e professor de Sociologia na USP, é a favor de um conjunto de normas a fim de estabelecer parâmetros para postagens anônimas. Segundo ele, em artigo para o site Observatório de Imprensa, “o mau-caratismo, a grosseria, a adulteração de fatos e imagens e o gosto pelo vitupério são como a internet: desconhecem fronteiras”. Weis citou o caso da matéria publicada no New York Times, intitulada “Um apelo aos bons modos no mundo dos blogs sórdidos”, sugerindo uma espécie de “faxina” no espaço para comentários. Os que soam rancorosos e mal educados passariam pela “vassoura” antes mesmo de ir ao ar. (Confira aqui o artigo de Weis).
Outro artigo escrito por Weis é referente à iniciativa do site do Estadão, que aplicou um sistema com intuito de garantir um código de ética nos comentários, criando o que o jornal chamou de “Os seis mandamentos da civilidade”. Com a medida, visa-se “construir um ambiente de respeito, para que não haja constrangimento de quem queira participar, ampliando, assim, a quantidade de leitores e enriquecendo e multiplicando os debates”. Weis acredita que a decisão tomada é uma tendência contra o vandalismo on line. Para enfatizar o artigo, o jornalista apropria-se da fala de Tim O´Reilly, especialista norte-americano em internet, dizendo que “é preciso dar um basta no mau comportamento dos comentaristas que, escondidos pelo anonimato, provocam outros participantes e criam um clima de confronto que nada acrescenta ao que se está discutindo”. (Leia aqui o artigo do jornalista).
Mário Antônio Lobato de Paiva, assessor da Organização Mundial de Direito e Informática, defendeu em seu artigo a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre a liberdade de expressão e a censura despropositada. Paiva atenta para os crimes cometidos virtualmente devido à liberdade absoluta na web. Entretanto, o assessor é contra a censura e sugere “a realização pesquisas no país que abordem todos os tipos de questões vinculadas às atividades perpetuadas no mundo virtual para que tenhamos uma noção do que está acontecendo de positivo e negativo nessa área no Brasil”, para, a partir daí, tomar providências. (Leia aqui o artigo de Paiva).