Não é a palavra fácil
que procuro.
Nem a difícil
sentença,
aquela da morte,
a da fértil e definitiva solitude.
A que
antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
em
fantasias de pássaro, homem, serpente
Procuro a palavra fóssil.
A
palavra antes da palavra.
Procuro a palavra palavra.
Esta que me
antecede
e se antecede na aurora
e na origem do homem.
Procuro
desenhos
dentro da palavra.
Sonoros desenhos, tácteis,
cheiros,
desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos
reescritos.
Na área dos atritos.
Dos detritos.
Em ritos ardidos da
carne
e ritmos do verbo.
Em becos metafísicos sem saída
Sinais,
vendavais, silêncio.
Na palavra enigmam restos, rastos de
animais,
minerais da insensatez.
Distâncias, circusntâncias,
soluços,
desterro.
Palavras são seda, aço.
Cinza onde faço poemas,
me refaço
Uso raciocício.
Procuro na razão.
Mas o que se
revela arcaico, pungente,
eterno e para sempre vivo,
vem do buril do
coração.