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Matéria 6371, publicada em 10/06/2008.


Procuro a palavra palavra

Lindolf Bell


Não é a palavra fácil
que procuro.
Nem a difícil sentença,
aquela da morte,
a da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
em fantasias de pássaro, homem, serpente

Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.

Procuro a palavra palavra.
Esta que me antecede
e se antecede na aurora
e na origem do homem.

Procuro desenhos
dentro da palavra.
Sonoros desenhos, tácteis,
cheiros, desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos reescritos.
Na área dos atritos.
Dos detritos.
Em ritos ardidos da carne
e ritmos do verbo.
Em becos metafísicos sem saída

Sinais, vendavais, silêncio.
Na palavra enigmam restos, rastos de animais,
minerais da insensatez.
Distâncias, circusntâncias, soluços,
desterro.

Palavras são seda, aço.
Cinza onde faço poemas, me refaço

Uso raciocício.
Procuro na razão.

Mas o que se revela arcaico, pungente,
eterno e para sempre vivo,
vem do buril do coração.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.