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Matéria 6298, publicada em 05/06/2008.


:Reprodução

Grenouille tinha obsessão por cheiros

O Perfume e a dimensão alternativa de Grenouille

Carolina Wanzuita


Uma história sobre a fedorenta Paris do século 17, onde “as ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre; os quartos a lençóis sebosos, as cozinhas a couve estragada”. Assim é como a obra O Perfume, de Patrick Süskind, publicado pela primeira vez em 1985, descreve a cidade na época em que viveu Jean-Baptiste Grenouille, personagem principal do livro que virou filme e estreou no Brasil em 26 de janeiro de 2007.

O mundo de Grenouille é composto apenas por cheiros e, através deles, ele parte em busca de sua identidade. Parido embaixo de uma mesa de limpar peixes, “a coisa recém-nascida” foi deixada ali mesmo pela mãe. O único vínculo da maternidade, o cordão umbilical, foi cortado com a mesma faca suja de peixe. O menino não tem mais conexão com ninguém, é absorvido pelos odores do mundo.

Desde pequeno sentia o cheiro dos dedos que lhe apertavam as bochechas, a pele, o cabelo, o odor carnal de quem se aproximava. Construía um universo próprio por meio do olfato, o mais baixo dos sentidos. Sentia o cheiro de tudo, de todos, menos o próprio aroma. Grenouille não sorria, pouco falava e era dotado de um olfato incomum que encadeou a ambição de dominar os corações humanos.

O objetivo de Grenouille, no livro, é criar um perfume para alcançar seu desejo, que não é riqueza nem reconhecimento: é ter poder sobre as pessoas, ser o “dono dos cheiros”. Para isso, precisava possuir todo o perfume que sentisse.

O garoto, já crescido, não hesita em matar para obter odores desejados. A regra é encontrar o aroma perfeito, mesmo tendo que “arrebatar incontrolavelmente qualquer ser humano”, pois segundo ele, “os odores exercem diretamente sobre as almas dos homens”.

A história do assassino obsessivo é uma reflexão sobre até que ponto vai a estupidez humana e quando o instinto chega ao absurdo. Com uma linguagem cética e irônica, O Perfume, contendo 255 páginas editadas pela Record, encontra-se disponível na biblioteca central do Bom Jesus/Ielusc. Na livraria Midas está esgotado e na Livrarias Curitiba há apenas um exemplar no preço de R$ 39,00.

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