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Matéria 6232, publicada em 26/05/2008.


:Divulgação

Fernanda Lima fala de sua experiência em comercial

Governo quer diminuir índice de cesárias

Luiza Martin

Enquanto o parto normal pode se estender por até 12 horas, a cesariana tem hora marcada para começar e terminar. Este é um dos motivos pelos quais gestantes optam pela cirurgia, mesmo sabendo que a recuperação é mais demorada – o processo de cicatrização leva de sete a oito dias. O percentual alto de cesarianas é combatido pela campanha do Ministério da Saúde, lançada no Dia das Mães (11 de maio de 2008). A mãe-símbolo da propaganda é Fernanda Lima. Em Joinville, assim como em todo o Brasil, percebe-se a diferença entre o índice de partos normais do sistema público em comparação com o privado. A maternidade Darci Vargas atendeu, durante março, 513 gestantes. Delas, 32% optaram pela cesariana. Já na Unimed, 75% do nascimentos, em março, foram feitos por intervenção cirúrgica.

Segundo a campanha do Ministério da Saúde, de todos os partos realizados no Brasil, 43% são cesarianas – índice que ultrapassa, em 28 pontos percentuais, o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de ser alto o número de partos normais na maternidade Darci Vargas, 348 em março, o nível (68%) ainda ficou abaixo dos 74% pesquisados pelo governo em relação ao sistema público do Brasil. A maternidade, que já veiculou campanha com a mesma intenção do governo, orienta as gestantes através de um curso de seis dias ministrado por vários especialistas envolvidos no nascimento (do obstetra ao fonoaudiólogo). Patrícia de Mello, estudante de jornalismo do 3º período no Ielusc, mãe de Vinícios e adepta do parto normal, afirmou que o curso serve para incentivar as mães ao parto natural. Diferentemente da maternidade, a Unimed não incentiva nenhum dos partos e deixa que a gestante escolha por qual pode pagar. A estudante da 7ª fase do mesmo curso que Patrícia, Joyce Kunietscki, elegeu a cesariana pois tinha “medo de sentir dor no normal”, e o convênio com a Unimed permitiu que a intervenção cirúrgica não onerasse no orçamento.

Depois da pele, seis camadas são cortadas na cesariana até que se tenha acesso ao bebê. É necessário, pelo menos, um anestesista, um obstetra e um pediatra responsável pela cirurgia. O tempo que a mãe leva para poder ficar de pé varia de 10 a 12 horas. No parto normal, duas ou três horas são suficientes para que a mãe cuide do filho durante os três dias de internação. Outra qualidade do nascimento natural, segundo Deonizio Werlich, médico obstetra, é seu benefício para a amamentação: “O hormônio ocitocina, gerado pelas contrações, estimula a produção de leite”. Entretanto, ele fez algumas ressalvas: “Mulheres com problemas cardíacos e diabetes, além daquelas que não possuem dilatação pélvica suficiente para o parto normal, são aconselhadas a fazer cesariana”. Essas gestantes representam os 15% a que o número de cesarianas deveria ser admitido, conforme a OMS.

Entre alunas do Ielusc que já são mães, a maioria prefere o parto normal. Embora tenha achado que a recuperação no natural é melhor, a aluna do 5º semestre de Jornalismo Grasiane Cristina de Sousa foi obrigada a fazer cesariana. Não tinha dilatação suficiente, apesar de ter tentado a indução do parto normal por meio de medicamentos. Arthur, filho de Grasiane, nasceu de cesariana no hospital da Unimed. Ele não chorou e demorou dois dias para aceitar a amamentação. Para Deonizio Werlich, “o bebê nasce preguiçoso na cesária”, não trabalha os músculos e nem a respiração. Assim como Grasiane, Paola Carla Klaus, que faz Educação Física no Ielusc e está no 7º período, preferiu o parto normal por causa da recuperação. Na maternidade Darci Vargas, Paola teve Eloah, sem complicações após o parto.

O governo também é beneficiado devido à diferença de custos entre o parto natural e o cirúrgico. Na Darci Vargas, nenhuma gestante paga, pois o SUS se encarrega de 35% das despesas e do resto cuidam o governo federal e o estadual. Se os 513 partos fossem cesarianas, na maternidade, a despesa pública só com materiais seria R$ 492.480,00 em março. No entanto, o valor real ficou em R$ 395.040,00. Com a diferença entre números real e fictício 143 partos naturais poderiam ser realizados. Na Unimed, a paciente gasta R$ 1.450,00 para se submeter a uma cesariana e R$ 1.100,00 no parto normal (nesses valores não estão contabilizados os pagamentos dos médicos). Em março, nasceram 65 bebês e foram arrecadados R$ 88.650,00.

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