Disponível na biblioteca central do Bom Jesus/Ielusc (que WC não leia, nem se sinta estimulado com o título), encontra-se um exemplar da obra que, atualmente, está em segundo lugar na lista de livros mais vendidos no Brasil, conforme o portal da revista Veja: A menina que roubava livros, de Markus Zusak. A história se passa na Alemanha, no tempo da Segunda Guerra Mundial. Por isso, ninguém melhor que a Morte para contar o romance.
“Eis um pequeno fato, você vai morrer”. Assim começa a narradora, justificando seu ofício, já que é temida pelos que apreciam este mundo. Entretanto, quando encontra a menina que roubava livros (Liesel Meminger), a Morte fica tão impressionada, pois Liesel sobrevive às três vezes em que se encontram, que resolve nos contar o acontecido em 480 páginas.
A “ceifadora de almas” poupa a menina alegando que “é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só”. Entretanto, Liesel não tem essa mesma conclusão sobre sua existência. Ela levou uma vida funesta desde a infância – além da guerra como contexto, a menina que roubava livros foi largada aos cuidados de um pintor desempregado e uma dona-de-casa “rabugenta”, após ver seu irmão morrer no colo da mãe. O que lhe dava sentido eram os livros que lia, encontrando nas palavras uma forma de se convencer a viver. Detalhe: os livros eram roubados.
Roubar livros, para Liesel, era uma forma de ocupação tomada pelo propósito da sede de conhecimento. O primeiro deles foi logo no funeral de seu irmão, quando a garota colocou rapidamente na mochila “O manual do Coveiro”, livro do próprio abridor de covas que, por descuido, deixou cair na neve ao enterrar o irmão da menina.
A obra, da editora Intrínseca, também retrata a figura da família de Liesel dentro da Alemanha de Hitler. Na época, existia o lado nazista e o judeu. Como alguém que era contra o sistema poderia sobreviver àquele conflito? Foi por isso que a garota buscava forças nas palavras. O que Liesel encontrou ao entregar-se diariamente à leitura foi o que mais tarde serviu para nortear seu caminho. E foi o suficiente para que a Morte, ao testemunhar a dor e poesia da menina que roubava livros, salvasse a vida da garota em função das palavras.