Após quatro anos e três meses de existência em Joinville, a livraria Nobel pode fechar as portas. Segundo os proprietários Rogério Flor e a esposa Ana Cláudia Melim, a franquia está à venda porque eles querem voltar ao mercado de trabalho em suas respectivas áreas. Rogério, de 38 anos, é técnico em informática, e Ana Cláudia, 34, é assistente social. Eles exerciam as profissões antes de abrirem o negócio. A Nobel é uma rede de livrarias e papelarias que está no mercado há 60 anos com matriz em São Paulo, lojas em 24 estados brasileiros, em Portugal e na Espanha. Se o novo proprietário não quiser continuar a vender livros ou usar o espaço apenas como papelaria, Joinville terá apenas duas livrarias: a Curitiba, no shopping Mueller, e a Midas, na rua João Colin e na Univille.
A Nobel sempre ficou instalada no Cidade das Flores (que não é considerado shopping pela Associação Brasileira dos Shopping Centers). Ocupou duas salas nesse tempo: a primeira, uma menor, e a última com espaço mais amplo. Os proprietários não quiseram divulgar o preço do aluguel do local e nem o preço pelo qual a franquia está à venda. Rogério considera uma perda para a cultura da cidade se o comprador não continuar com o negócio. Para ele, os joinvilenses lêem pouco se comparados com habitantes das grandes cidades do Brasil. “Os que têm o hábito da leitura vieram de outros lugares, de grandes centros culturais como São Paulo e Rio Grande do Sul”, opinou.
Quanto a roubo de livros, Rogério, desconfortável diante da questão, disse que havia poucas ocorrências na loja. O último foi no período do Natal. O livros mais procurados são os de auto-ajuda, com grande vantagem de diferença.
Apesar da renda média do trabalhador brasileiro ter aumentado 16,3 % de 1992 para 2003, dados da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros comprovam que em 2004 foram vendidos 1 milhão de livros a menos do que no ano de 1991, cerca de 289 milhões. No Brasil a média de livros lidos por habitante em um ano é de 1,8 contra 20 na hermana Argentina. Talvez pela cultura da cidade, os joinvilenses não demonstram ter o hábito da leitura. Duas livrarias parecem ser o suficiente para suprir a necessidade da cidade e dois autógrafos foram o máximo que Deonísio da Silva pôde dar em visita à Feira do Livro.