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Matéria 5839, publicada em 31/03/2008.


Femic: vale a pena participar?

Tiago Luis Pereira


Passada a etapa de Joinville do Festival de Música e Integração Catarinense, resta uma triste dúvida na consciência dos classificados e dos desclassificados: vale a pena participar de um festival tão mal organizado como o Femic? Ou, em palavras mais brandas, por que Joinville foi agraciada com a etapa campeã em problemas de ordem técnica e organizacional? Falo do lugar de músico, mas os problemas listados abaixo afetam, além dos músicos, os espectadores e a reputação musical de Joinville - se é que a maior e mais rica cidade do Estado goza de uma nessa área.

Dos problemas organizacionais, destaquemos alguns. Ao contrário do que foi orientado no ato da inscrição na SDR de Joinville, a lista de selecionados não foi publicada no site oficial do evento. Ou seja, quem não tem o hábito de ler o jornal A Notícia não ficou sabendo se sua música foi ou não classificada, pois só o periódico publicou o nome dos selecionados.

Também não havia no site o endereço do local onde a etapa ocorreu, em São Francisco do Sul. Se a cidade vizinha (escolhida para sediar a etapa de Joinville por um motivo também mal explicado) fosse alguns metros quadrados maior, provavelmente alguns participantes se atrasariam, pois só conseguiu chegar lá quem gastou bastante saliva pedindo orientação aos moradores de São Chico.

No quesito horário, diga-se, a organização do festival caprichou nas surpresinhas. Primeiro, a orientação era de que quem não estivesse no local às 16 horas para passagem de som seria automaticamente desclassificado. Quem conseguiu dispensa do trabalho na parte da tarde e chegou dentro do prazo, encontrou um ambiente vazio. Ou melhor, cheio de outros músicos igualmente em dúvida sobre como ocorreria a passagem de som. Representante da organização ou alguém que colocasse ordem na bagunça, nem sinal. Quando a coisa começou a andar já eram 18 horas passadas. Ou seja, todo mundo perdeu a tarde de trabalho em vão. O resultado dessa crença de que festivais se organizam sozinhos foi que vários participantes subiram no palco sem passar o som, porque não deu tempo.

Paralelamente à fragilidade organizacional, os heróicos (ou insistentes) músicos que saíram de suas casas para concorrer no Femic sofriam com um problema de ordem técnica e igualmente grave: o som, ou a falta dele. Porque é consensual: não dá para chamar o que estava lá instalado de som, muito menos de som apropriado para um evento de nível estadual. Aliás, é importante ressaltar, o evento só pôde ocorrer devido à intervenção providencial de um músico concorrente, Gabriel Vieira, que levou cerca de meia hora para fazer aquilo que os técnicos da empresa contratada não conseguiram fazer durante a tarde inteira: regular minimamente bem o PA. Se não fosse Gabriel, a coisa seria bem pior e os jurados, creio, teriam dificuldade de entender o que se passava em cima do palco, tamanha era a bisonhice do som disponível.

Apesar de todos esses “pequenos” contratempos, a festa aconteceu, as bandas e cantores se apresentaram, os jurados julgaram e sete concorrentes passaram para a semifinal, a ser realizada no dia 17 ou 18 de abril, num lugar ainda não definido (mas dessa vez em Joinville). Tanto os artistas que irão concorrer como os que ficaram no caminho (como eu) esperam que a coisa seja um pouco menos zoada na próxima etapa. Faço o apelo para que não seja confirmada a impressão da grande maioria dos músicos que participaram do Femic e de outros que já nem se dão ao trabalho de se inscrever. “De um festival como esse não dá para esperar muita coisa”, eles dizem. E o pior é que não estão de todo errados, a não ser que a sucessão de problemas apresentados na etapa de Joinville tenha sido uma triste coincidência.


Tiago Luis Pereira é estudante do 7º período de Jornalismo

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