O jornal A Notícia terá um novo formato que deve entrar em circulação a partir do dia 9 de abril. A reformulação gráfica deixará o maior jornal da cidade parecido com o Diário Catarinense. O atual modelo é o standard (31 por 55,5cm) e passará a ser tablóide (27,5 por 37,5cm). Recursos gráficos serão melhorados sem perder as características do AN que, assim como outros grandes impressos, terá a edição fechada por volta das 22h30 para a versão estadual e à meia-noite para a local.

As reformulações começaram a ser pensadas na segunda metade de 2007, mesmo período em que pesquisas com a finalidade de saber o que os leitores queriam ver no AN foram realizadas. Ligações aos assinantes, abordagens às pessoas nas ruas e um piloto do novo formato distribuído a grupos de leitores; no mínimo cinco pesquisas, nesses métodos, deram o resultado preferencial pelo novo modelo adotado. As comparações com o DC eram inevitáveis e o jornal da capital sempre saía ganhando quando o assunto era formato.

Alguns leitores mais antigos, que assinam o periódico há mais de 40 anos, preferem o modelo atual (como o dos “grandes jornais”), outros gostaram da novidade pois “fica mais fácil de manusear”. A maioria dos profissionais da área e apreciadores de uma boa leitura preferem o tamanho standard. Um deles é Samuel Pantoja Lima, coordenador do curso de jornalismo do Ielusc. Samuca está curioso para ver o novo padrão pois “o AN sempre esteve à frente nas artes gráficas em Santa Catarina e a versão tablóide pode surpreender”. Para ele, sem ver o resultado final, não é possível julgar se o conteúdo vai perder em qualidade. “Às vezes, em duas páginas de informação qualitativa, pode-se obter mais informação do que em um texto de 3 mil caracteres”, analisa o jornalista. Gastão Cassel, professor na disciplina de meios impressos, diz que o AN corre risco na nova aposta por ser um jornal de tradição e ter muitos leitores antigos já acostumados com o layout. O novo estilo de formatação não interfere na qualidade do texto, porém o tamanho será reduzido, além de dar lugar a mais infográficos e imagens. Segundo Gastão, a mudança pode ser uma uniformização dos impressos do grupo RBS, já que o material produzido pelos funcionários é usado em outro jornal ou até mesmo outras mídias do grupo.

Na chamada “crise dos jornais” ao final da década de 1990, AN e DC estavam sempre parecidos em número de exemplares diários – cerca de 25 mil. Atualmente, o jornal da capital beira os 42 mil e o de Joinville ficou um bom tempo estacionado nos 30 mil, chegando a uma tiragem menor ainda, 25 mil, após a venda para a RBS. Além do DC, o Jornal de Santa Catarina também foi inspiração para as mudanças. O periódico de Blumenau tinha cerca de 13 mil exemplares impressos por dia e passou aos 20 mil após ser adquirido pelo grupo e ter passado de standard a tablóide.

No início de 2008, houve um investimento no parque gráfico do jornal, melhorando as condições para as mudanças que ampliarão o número de páginas coloridas. Desde que foi adquirido pelo grupo RBS, o AN já havia recebido investimentos, entre 2006 e 2007. Os equipamentos de fotografia também foram renovados e trazidos dos EUA, todos da Nikon.

Melhorias para os profissionais da área estão ocorrendo, segundo Nilson Vargas, editor-chefe do AN. Houve um aumento de vagas devido às promoções de repórteres aos postos de editores e subeditores. Também vários free lancers foram contratados. Perguntado se as mudanças influenciariam no trabalho dos jornalistas, Nilson respondeu que o profissional deve trabalhar e produzir com o espaço que tiver. Nas pesquisas, os textos do AN eram considerados muito longos para o leitor, que tem em média 20 minutos para leitura diária. O texto menor é uma tendência e deve satisfazer os assinantes. “Não há espaço nos jornais para vaidades do jornalista. Escrever texto grande é escrever para o próprio umbigo e para amigos, e isso não é bom”, disse Nilson.

O site do AN também passará por uma reformulação, até mais significativa. Quatro jornalistas da redação formarão uma equipe específica para publicação no site. Além da cópia integral do jornal impresso, como já é feito, a página terá notícias atualizadas em tempo real, informações em áudio e vídeo – tudo produzido pela equipe. Será similar ao Folha Online ou ao site do DC, porém mais voltado para a região. Não será chamado de portal, pois não é tão amplo como os dois que o grupo já possui.