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Matéria 5831, publicada em 28/03/2008.


Painel discute jornalismo como produtor de conhecimento

Djulia Justen


Compreender o jornalismo como campo produtor de conhecimento a partir das três esferas que o constitui — pesquisa, ensino e prática produtiva — foi tema central do painel realizado na manhã desta sexta-feira no auditório do CCE. Para constituir este panorama foram convidados os professores Eduardo Meditsch, Carlos Franciscato e Gerson Martins. Participaram como debatedores os professores Celso Schröder, Tattiana Teixeira e Sérgio Luiz Gadini.

Indicado pela Fenaj, Eduardo Meditsch discorreu sobre o jornalismo como um atividade intelectual que possui problemas a serem enfrentados a partir de uma teoria específica para o jornalismo. Segundo ele, o campo jornalístico não está definitivamente consolidado por usar teorias de outras áreas que não colaboram para resolver problemas do jornalismo.

A fala de Carlos Franciscato trouxe à tona a interação entre o conhecimento apreendido na universidade pelos estudantes que se dirigem ao mercado de trabalho. Nesse processo, a interação do conhecimento com o campo produtivo poderia gerar inovação, mas isso não ocorre porque não há investimentos a longo prazo para tal.

O professor Gerson Martins tratou dos rumos do ensino do jornalismo. A partir das vivências como professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Gerson constatou que poucos estudantes têm interesse de atuar como jornalistas e a maioria quer ser professor nessa área. Segundo ele, isto se deve à ênfase em teoria de outros campos de conhecimento e à escassez de professores que tenham atuado como jornalistas. O que também contribui para este quadro é a habilitação em comunicação social. O professor defende que a habilitação seja específica em jornalismo.

Depois disso, os debatedores fizeram ponderações a respeito das vertentes apresentadas pelos painelistas. A professora Tattiane considerou um avanço o fato da discussão ter se pautado a partir do pressuposto de que o jornalismo é uma forma de conhecimento. Celso Schröder enfatizou a questão de que atualmente se percebe uma desconstrução do jornalismo por não ser visto como atividade rentável pelas empresas, o que o torna meramente artigo de entretenimento. O que também potencializa este quadro é não se pensar em uma teoria específica do jornalismo. Sérgio Luiz Gandini percebeu que muito se discutiu sobre a teoria, mas em nenhuma das falas foi explorada a idéia de sociedade civil, à qual o jornalismo oferta informação para legitimar a democracia, mesmo que se ajuste à lógica do mercado.

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