O número de veículos em Joinville chegou este mês a 232.100, o que
corresponde a um carro para cada 2,09 habitantes — a maior marca na história da
cidade. Em Florianópolis esta relação está em 1,7, seguida por Jaraguá, onde o
índice chega a 1,8. O aumento demasiado ocorre, principalmente, pelas
facilidades encontradas hoje para quem pretende comprar um automóvel, fenômeno
que ocorre em todo o país e que foi um dos fatores do impulso econômico
refletido no crescimento de 5,4% no PIB de 2007. Os problemas que uma frota com
este tamanho causa numa cidade com 487 mil habitantes são os congestionamentos,
que em alguns pontos da cidade não tem mais horário para acontecer.
A construção da malha viária no município
aconteceu sem planejamento urbanístico. Ela foi se desenvolvendo desor-
denadamente de acordo com as necessidades do cres- cimento, formando um sis-
tema denominado “espinha-de-peixe”, com vias menores que contribuíam com tráfego
para as vias principais. Na década de 1950, com o desenvolvimento tecnológi- co,
os carros começaram a ganhar popularidade. Atual- mente, são licenciados em
Joinville cerca de 1.500 veículos por mês, o que faz com que a cidade tenha a
maior frota do estado.
Hoje, quem quer comprar um carro basta ter em
mãos um comprovante de renda, residência, uma cópia da identidade e do CPF. Os
financiamentos são feitos em 60 meses, sem entrada e com juro em torno de 1% ao
mês. Os problemas que essas facilidades causam levaram o Ippuj (Instituto de
Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville) e a Conurb
(Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville) a adotarem medidas
para melhorar a fluidez do trânsito em lugares de alta concentração de carros,
ônibus, motos e caminhões.
O plano de ações para os próximos meses
compreende a criação de vias de mão única para ligar a rua Iririú à Avenida
Wittich Freitag, no bairro Iririú; a rua Albano Schmidt com a Hellmuth
Fallgatter, no Boa Vista; e a rua Elza Meinert com a Paulo Serra, no Costa e
Silva. Além disso, até abril será criado um binário no bairro Floresta,
envolvendo as ruas Santa Catarina e São Paulo. Ainda neste ano, os ônibus terão
mais faixas exclusivas. Elas serão nas ruas Blumenau, Nove de Março e João
Colin. O trecho da Avenida Juscelino Kubitschek ganhará uma nova camada
asfáltica.
Na rua João Colin, o Ippuj planeja remodelar as calçadas,
criando um sistema subterrâneo de transmissão de energia. A pista seria alargada
em um metro (50 centímetros para cada lado) e os locais de parada de ônibus
ganhariam aumento para recebê-los sem causar transtornos ao trânsito. Com essas
medidas, a capacidade de tráfego na via aumentaria para 3.000 veículos por hora,
contra os atuais 2.000.
Para o gerente de mobilidade do Ippuj, Vladimir
Tavares Constante, o uso da bicicleta é uma solução para acabar com o problema
do alto volume de tráfego. Vladimir conta que nas ciclovias do bairro Boa Vista
o movimento de bicicletas corresponde a 18% do tráfego total das vias. Todas as
medidas tomadas até agora servem para remediar os problemas atuais, pois o
aumento do número de carros faz com que em um breve período de tempo, a via
alterada sofra novamente com os congestionamentos, e um colapso no sistema
viário seja previsível. O gerente acredita que próximo ao caos, as coisas se
resolvem, pois “ninguém é louco de entrar num carro para ficar parado”.