Foi com as impressões de Francesco que a defesa da monografia “Jornalismo do
absurdo”, do estudante Fabrício Porto, teve forma e tonalidade. O trabalho foi
apresentado às 21h de sexta-feira (dia 29), na sala C-21. A banca avaliadora,
composta pelos professores Sílvio Melatti e Luís Felipe Soares, atualmente
professor de cinema da UFSC, conferiu ao trabalho a nota 9,5.
Sob a orientação da professora Nara Marques,
Fabrício estruturou o trabalho teórico em forma de ficção, tanto ;que no texto
de apresentação, quem, aos tropeços, defendia sem querer o trabalho era o
personagem Francesco. Com base na crítica à logica utilizada no teatro do
absurdo, o estudante tensionou o jornalismo de lógica excessiva. Para isso,
analisou as reportagens da revista Veja sobre a guerra do Iraque, em que
esquematizou categorias como: descontinuidade, narrativa cíclica, à espera de
algo e ironia/humor negro/ridículo. Com isso, constatou o absurdo vestido na
publicação.
O professor Luís Felipe percebeu a diferença entre ficção
e análise no trabalho, o que se constituiu erro fatal pois afasta o personagem e
chega ao óbvio. Segundo o avaliador, já é de senso comum que a Veja mereça ir à
lata do lixo. Outra ponderação foi de que o trabalho é eco de resistências,
inclusive a do próprio autor que se recusa a ser um jornalista
comum.
O avaliador Sílvio reconheceu as marcas do bom
ensaísta no texto de Fabrício, ao ter uma abordagem original e fazer diálogo
entre teatro, literatura e jornalismo. E nesta abordagem incluiu a forma que
também se utiliza do absurdo. Ao esbarrar nos erros de crase — por ausência e
por presença —, questionou ironizando: “Haverá excesso de lógica na crase?”.
Para o avaliador, a falha do estudante foi ter ignorado o jornalismo gonzo como
questionador da lógica jornalística.