Foi na experiência como mãe que Janaina Rodrigues descobriu qual seria o
objeto de pesquisa de sua monografia. Na manhã de sábado, 1º de março, ela
defendeu na sala C-21 o trabalho de título “Revista Recreio: um mundo sem
faz-de-conta. Literatura, indústria cultural e crianças: uma mistura
imaginável?”. Gleber Pieniz e Nara Marques foram os avaliadores, que deram ao
estudo nota 7,5. Sílvio Melatti orientou a aluna.
A revista Recreio surgiu em 1969 e foi publicada
até 1981. Em 2000 ela voltou às bancas com o mesmo nome, mas com o
conteúdo reformulado. Janaina criticou principalmente o baixo volume de
textos do atual modelo, que não estimula a leitura. Em entrevista à acadêmica, a
editora especial da revista, Mônica Pina, afirmou que os contos publicados não
são extensos para que as crianças os leiam até o final.
As primeiras
publicações da revista continham textos literários de autoras como Ruth Rocha e
Ana Maria Machado, que a partir daí ganharam projeção. A proposta educativa da
Recreio previa ainda a possibilidade da criação de brinquedos através de seu
encarte. Hoje, eles são importados e já vêm prontos.
Nara Marques comentou a mudança editoral da
revista nos dois períodos de publicação. Com a mudança de opinião sobre a
revista, disse ela, Janaina se perdeu nesta desilusão. A professora qualificou
de "dispensável" a entrevista com Mônica. Além disso, falou que o discurso
empresarial beira o fascismo por tentar massificar o público
infantil.
Para o professor Gleber Pieniz o tema escolhido
foi pertinente, mas criticou os diálogos com os entrevistados. Ele acredita que
as entrevistas deveriam ser mais profundas. O ensaio monográfico proposto por
Janaina demorou a aparecer, comentou o professor. Ele terminou a argüição
questionando se a revista Recreio faz jornalismo. Janaina respondeu que embora a
publicação tenha ganhado o prêmio da Editora Abril de Jornalismo, ela não o
pratica. A acadêmica completou dizendo que os profissionais da Recreio
subestimam a inteligência das crianças.