O silêncio da sala vazia era o único companheiro do nervosismo de Mônica
Cristina Rosa minutos antes da chegada da banca. Estudante da primeira turma de
jornalismo da instituição, iniciada em 1998, apresentou, às 21h do dia 25,
a defesa de sua monografia intitulada “A ética a regulamentação profissional:
uma análise de dois jornais do interior”.
Sem o auxílio do datashow ou
qualquer outro papel em cima de mesa, Mônica utilizou seis minutos dos 20
permitidos para argüições. Durante o pouco tempo de apresentação, a acadêmica
falou sobre seus objetos de estudo – o Jornal Nossa Ilha e a Gazeta da Praia, de
São Francisco do Sul – ressaltando a importância do jornalistal formado para
trabalhar em qualquer veículo de comunicação.
As críticas chegaram com a
mesma rapidez do discurso da aluna: a professora Marília Maciel, membro da
banca, apontou um erro ortográfico logo no título do trabalho “A ética a
regulamentação profissional: uma análise de dois jornais do interior”. Mônica,
que nunca assistiu a uma defesa de monografia, esqueceu a conjunção “e” e a
frase ficou desconexa.
Em seu texto, Mônica escreveu que ao longo do
tempo houve redução da tiragem de ambos os jornais. “Com base em que dados houve
a redução?”, perguntou Marília. O silêncio retorna ao ambiente já não mais
vazio. A acadêmica fica sem resposta e logo após, o outro avaliador, Sérgio
Murilo de Andrade, diz que “os jornais do interior tendem a
proliferar”.
O elogio foi com base no tema, considerado importante pela
professora de redação. “Comecei em um jornal pequeno e percebia as
irregularidades, é difícil discutir ética ”, conta.
A banca sugeriu que
deveria ser abordado o efeito de proximidade da mídia com a população do
interior. Marília ainda citou que há erros de incoerência no trabalho, as
respostas são insuficientes e terminou dizendo: “Se não há diálogo, não há
entrevista”, referindo-se à entrevista feita por e-mail com o diretor de um dos
jornais.
“Assino embaixo em todas as observações da Marília em gênero,
número e grau”, iniciou o presidente da Fenaj, Sèrgio Murilo. Falta de
continuidade e atenção, pontos críticos na linha histórica da imprensa apontada
pela estudante e falta de conexão foram as irregularidades apontadas. “Termino
como um leitor frustrado”, comenta o presidente, “pois o texto fica apenas nas
citações, não se aprofunda”.
Sérgio Murilo acredita que o problema esteja
no curso de jornalismo, que, segundo ele, não prepara o aluno para fazer análise
de discurso. “Uma análise profunda requer base teórica que não damos, até porque
o estudante deve se propor ao desafio de procurar mais”, explica.
A
banca concluiu que o trabalho termina com aspecto positivo, fazendo referência
ao discurso da regulamentação e ética, e a imprensa no interior. O orientador
Luiz Fernando Assunção declara que as recomendações feitas pela banca deverão
ser efetuadas e a monografia foi aprovada com a nota mínima – sete.