Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Sábado, 20 de abril de 2024 - 00h04min   <<


chamadas

Matéria 5581, publicada em 26/02/2008.


:Melanie Peter

Mônica diz que jornais de São Francisco não têm jornalistas formados

Monografia é aprovada com nota mínima

Carolina Wanzuita


O silêncio da sala vazia era o único companheiro do nervosismo de Mônica Cristina Rosa minutos antes da chegada da banca. Estudante da primeira turma de jornalismo da instituição, iniciada em 1998, apresentou, às 21h do dia 25, a defesa de sua monografia intitulada “A ética a regulamentação profissional: uma análise de dois jornais do interior”.

Sem o auxílio do datashow ou qualquer outro papel em cima de mesa, Mônica utilizou seis minutos dos 20 permitidos para argüições. Durante o pouco tempo de apresentação, a acadêmica falou sobre seus objetos de estudo – o Jornal Nossa Ilha e a Gazeta da Praia, de São Francisco do Sul – ressaltando a importância do jornalistal formado para trabalhar em qualquer veículo de comunicação.

As críticas chegaram com a mesma rapidez do discurso da aluna: a professora Marília Maciel, membro da banca, apontou um erro ortográfico logo no título do trabalho “A ética a regulamentação profissional: uma análise de dois jornais do interior”. Mônica, que nunca assistiu a uma defesa de monografia, esqueceu a conjunção “e” e a frase ficou desconexa.

Em seu texto, Mônica escreveu que ao longo do tempo houve redução da tiragem de ambos os jornais. “Com base em que dados houve a redução?”, perguntou Marília. O silêncio retorna ao ambiente já não mais vazio. A acadêmica fica sem resposta e logo após, o outro avaliador, Sérgio Murilo de Andrade, diz que “os jornais do interior tendem a proliferar”.

O elogio foi com base no tema, considerado importante pela professora de redação. “Comecei em um jornal pequeno e percebia as irregularidades, é difícil discutir ética ”, conta.

A banca sugeriu que deveria ser abordado o efeito de proximidade da mídia com a população do interior. Marília ainda citou que há erros de incoerência no trabalho, as respostas são insuficientes e terminou dizendo: “Se não há diálogo, não há entrevista”, referindo-se à entrevista feita por e-mail com o diretor de um dos jornais.

“Assino embaixo em todas as observações da Marília em gênero, número e grau”, iniciou o presidente da Fenaj, Sèrgio Murilo. Falta de continuidade e atenção, pontos críticos na linha histórica da imprensa apontada pela estudante e falta de conexão foram as irregularidades apontadas. “Termino como um leitor frustrado”, comenta o presidente, “pois o texto fica apenas nas citações, não se aprofunda”.

Sérgio Murilo acredita que o problema esteja no curso de jornalismo, que, segundo ele, não prepara o aluno para fazer análise de discurso. “Uma análise profunda requer base teórica que não damos, até porque o estudante deve se propor ao desafio de procurar mais”, explica.

A banca concluiu que o trabalho termina com aspecto positivo, fazendo referência ao discurso da regulamentação e ética, e a imprensa no interior. O orientador Luiz Fernando Assunção declara que as recomendações feitas pela banca deverão ser efetuadas e a monografia foi aprovada com a nota mínima – sete.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.