No dia 22 de fevereiro de 2006, mais ou menos às 22h, a estudante de jornalismo, Daniela Torbes, recebia uma notícia não muito feliz. Sua monografia “Comunicação e hip-hop: a identidade do rap em Joinville” havia sido reprovada pela banca formada pelos professores Gleber Pieniz da Silva e Silnei Soares. Até hoje ela não concorda com a reprovação e, muito menos, com a maneira como a situação foi conduzida. “Nunca na história do Ielusc um aluno foi reprovado na banca. É por isso que eles supostamente recebem, lêem e avaliam o trabalho com no mínimo um mês de antecedência”, desabafa.
Mesmo abalada com o que aconteceu, resolveu concluir o curso. “Voltei porque percebi que não valia a pena acabar com meu sonho por causa de um ou dois professores”, diz. Ela comenta que o desenvolvimento do trabalho desta vez aconteceu de maneira bem tranqüila. A principal indagação era escolher um tema com o qual se identificasse.
Daniela desistiu de pesquisar o hip-hop e visava elaborar uma monografia que enriquecesse as discussões sobre a importância da regulamentação da profissão de jornalista, sobre a exigência da formação superior no Brasil e sobre o estágio como uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho. Utilizou como objeto de estudo o projeto-piloto de estágio em jornalismo mantido em parceria entre Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc e jornal A Notícia.
Na sua apresentação à banca, que aconteceu no dia 12 de fevereiro, às 11h, Daniela deixou claro que “a pesquisa não pretende, em nenhum momento, avaliar a qualidade da educação dos cursos de jornalismo, bem como da grade curricular. Tampouco pretende julgar se o estágio é positivo ou não para os estudantes. O que se pretende é analisar como se dá a construção do projeto-piloto de estágio em Jornalismo e compreender qual o papel do estagiário, da instituição de ensino, dos sindicatos e da empresa nessa construção”.
No primeiro capítulo do trabalho, Jornalismo e o Ensino, a estudante faz um resgate das escolas de jornalismo no Brasil. No segundo, relata o movimento pela regulamentação da profissão. Mas, é no terceiro, Projeto piloto – regulamentação do estágio em jornalismo, que a pesquisa se foca. Neste, Daniela esmiúça os principais pontos do projeto, tomando como base a experiência em Joinville. Também analisa entrevistas com estudantes que participaram do projeto, além de professores e coordenadores.
Segundo Daniela, nos depoimentos é possível perceber a presença de dois espaços: faculdade e redação. Para a maioria dos entrevistados, trabalhar sob pressão e correr contra o relógio não faz parte da rotina de uma faculdade e isso só se aprende no ambiente das redações.
Na opinião do orientador do trabalho, professor Luis Fernando Assunção, a pesquisa da Daniela é muito importante pois foca precisamente o jornalismo, coisa que não acontece com a maioria dos trabalhos apresentados no Bom Jesus/Ielusc. Ele esclarece que os comentários da banca, composta pelo professor e presidente da Fenaj, Sérgio Murillo, e pelo coordenador do curso de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Sérgio Gadini, foram bastante positivos. “Os elogios à escolha do tema foram unanimidade”, diz. De acordo com Fernando, a nota poderia ser mais alta se a estudante tivesse aprofundado alguns pontos.
Daniela fala que embora a banca tenha interpretado o trabalho como pessimista, não queria causar esta impressão. “Pretendia deixar claro que, para o estágio dar certo, as delimitações do convênio Bom Jesus/Sindicato precisam ser cumpridas, porém, falta supervisão, acompanhamento, controle de carga horária, entre outros", finaliza.
O segundo trabalho de Daniela foi aprovado com nota 8,0.