O andar discreto e os óculos de armação escura escondem uma figura expansiva na alma. O fato de ser um sujeito tímido e quieto não impediu que João Batista da Silva ganhasse certa popularidade entre os colegas do curso de jornalismo. O motivo? JB, como é mais conhecido, é poeta e poeta sempre. Enamorou-se pela literatura nos tempos de colégio. Ainda menino, brincava com as palavras e as transformava em poesia concreta.
Há seis anos, crônicas e poesias passaram a fazer parte do cotidiano de JB. Conceber um blog também o motivou a escrever com freqüência. “A cada quinze dias ou uma semana preciso postar. Tenho leitores até em Portugal”. Com o passar dos anos, compor tornou-se um ofício ― sem ser monótono.
Foi no ônibus que teve o primeiro contato com o grupo Zaragata, o qual integra há 3 anos. O poeta imaginava um conjunto de pessoas atraídas por assuntos ligados a magia e esoterismo, mas, por falta de interesse, não se informou melhor. Quando ingressou no curso de jornalismo, o amigo e participante do Zaragata, Luiz Mendes, o convidou para uma das reuniões. Pronto! Desmistificou-se na cabeça de JB toda a excepcionalidade daquelas pessoas. “São pessoas como eu”, brinca.
Nos encontros da plêiade, as peças compostas pelos participantes são lidas, discutidas e comentadas partindo do ponto de vista da técnica da poesia. “Nas primeiras reuniões as críticas são flexíveis”, comenta, “mas com o passar do tempo, elas ficam mais pesadas”. Segundo ele, as sugestões são para melhorar a qualidade texto. Entretanto, alguns autores não admitem interferências e preferem descartar ou deixar a obra como está.
A fonte das idéias de JB é a rua. É desse espaço, um ambiente tão banal para alguns, que o poeta tira elementos presentes em grande parte de suas peças. De tanto trilhar os caminhos urbanos — sendo a pé, de carro ou de ônibus — acostumou-se a admirar e desfrutar cada símbolo: pessoas, lugares e “coisas”. As situações cotidianas também alimentam suas estrofes. JB tem grande apreço pelas obras de José Saramago. Para ele, a forma como o escritor português costura conflitos é fantástica. “Ele conta histórias clichês, mas de uma maneira criativa”.
JB ambiciona escrever um livro, mas deixará alguns anos amadurecerem mais idéias. Enquanto isso, o poeta vai acumulando prêmios nos concursos da cidade. Este ano, JB recebeu o primeiro lugar na categoria conto/crônica — a mesma em que arrematou o terceiro em 2006 — e o segundo lugar em poesia no 4º Prêmio Joinville de Expressão Literária.