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Matéria 5427, publicada em 27/11/2007.


:Djulia Justen

Sacolas de supermercado representam 9,7% do lixo produzido no país

O consumo alterando a química do planeta


A degradação do quadro coletivo pelas atividades econômicas é visível. Na contrapartida das estruturas do consumo estão prejuízos ambientais como destruição das paisagens, poluição visual, do ar e da água. Segundo o professor de Direito Ambiental, Luiz Gustavo Assad Rupp, o principal problema a ser enfrentado é o aquecimento global. A produção de energia está no topo do ranking de poluidores da atmosfera. Em seguida vem os veículos e a indústria da carne.

O automóvel está virando um “acessório” individual. A frota elevada de carros poderia ser um expoente de crescimento econômico, mas, por debaixo da “capa” do produto nacional bruto e das falsas estatísticas de riqueza está camuflado um déficit técnico, psicológico e humano de dimensões colossais. Congestionamentos, estresse, poluição na produção de gasolina e na queima de combustível, gastos com verbas para o cuidado das vítimas de acidentes são apenas alguns exemplos.

A falta de consciência não se dá somente com relação à indústria automobilística. Normalmente quem se satisfaz comprando um produto não imagina o quanto pode estar agredindo o meio ambiente. As lavouras de algodão, por exemplo, consomem 10% dos pesticidas do mundo. Estes químicos alteram o ecossistema da região, contaminam o solo, a água e o ar. Além disso, para confeccionar uma simples camiseta é necessário ocupar uma área de 5 metros quadrados de terra fértil, utilizar substâncias classificadas como perigosas pelo governo para tingir o tecido, transportar a mercadoria usando um veículo... E, como se não bastasse, na hora da compra o cliente, na maior ingenuidade, ainda sai da loja com uma sacolinha plástica – mais um atentado contra o o meio ambiente.

Um rápido passeio pelo jornal diário é o bastante para se perceber os impactos causados pelos padrões atuais. Com um olhar preocupado, Luiz esclarece que temos uma legislação muito boa de proteção ambiental no Brasil, superior à de muitos países desenvolvidos, mas ela simplesmente não é respeitada. “Quanto mais tempo demorarmos para resolver todos estes problemas, mais difícil será encontrar a solução. A matriz energética, por exemplo, deveria ter sido revista faz uns 10 anos”, explica.

No relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em seis de abril deste ano, foi apontado um cenário devastador e com tendências a piorar. Na opinião de Luiz, não adianta falar em proteção ambiental quando as políticas globais estão totalmente focadas na idéia de crescimento. “Eu não acredito na expressão desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento necessita da expansão da produção massiva e do consumo. A sustentabilidade requer o equilíbrio”, diz.

Baudrilhard, enquanto criticava a renovação acelerada dos objetos, dizia.“O que hoje se produz não se fabrica em função do respectivo valor de uso ou da possível duração, mas antes em função da sua morte, cuja aceleração só é igualada pela inflação dos preços. Bastaria isto para por em questão os postulados ‘racionalistas’ de toda a ciência econômica acerca da utilidade, das necessidades, etc.”

Enquanto isso, no Brasil, lugares como a Amazônia, o sertão nordestino e algumas regiões litorâneas refletem a inconsciência humana. Furações, seca, inundações e destruição são cada vez mais comuns. Recentemente, uma equipe do Greenpeace viajou por diversos cantos do país registrando os impactos das mudanças climáticas. Depoimentos emocionados de pessoas que sofrem, sofreram ou ainda sofrerão com os abalos e opinião de cientistas sobre as causas do aquecimento global também fazem parte da iniciativa.

O longa-metragem Uma Verdade Inconveniente, idealizado pelo ex-candidato a presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e dirigido por Davis Guggenheim, também traz à tona as conseqüências da emissão de substâncias poluentes e do mau uso dos recursos naturais. Já em Surplus, o diretor Erik Gandini resolveu embarcar em uma fascinante viagem pela destrutiva cultura do consumismo na era da globalização. O ponto de partida foram os protestos registrados em Gênova, em 2001, quando jovens saíram às ruas destruindo shoppings, carros e bancos. O resultado é um documentário ácido e corrosivo que se pronuncia contra um sistema pautado nos excessos.

Essas e muitas outras iniciativas que se erguem podem até ser válidas, mas, na opinião de Luiz Gustavo, o grande problema será sempre o sistema capitalista. Neste caso, a única solução é uma intervenção muito grande do Estado. “Eu não acredito nessa coisa de conscientizar as pessoas. Concordo com Marx quando ele diz: não é a consciência dos homens que faz o ser social, mas o ser social que faz a consciência dos homens”, finaliza.

Enquanto não acontecem grandes revoluções no sistema, aproveite para tomar pequenas iniciativas. Confira algumas delas nos links abaixo.


Instituto Akatu

O que é consumo sustentável ?

Guia de práticas para o consumo sustentável

Consciência ambiental e coleta seletiva

Alimentação por um mundo melhor

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