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Matéria 5350, publicada em 22/11/2007.


:Carolina Wanzuita

Sombra e luz marcam a exposição de Solange Simas

"Assim na terra como no céu"

Carolina Wanzuita


Era como se estivesse adentrando em um outro mundo: a penumbra no local dá a impressão de um universo paralelo cercado pelos quatro cantos da sala. As únicas luzes são pontos pendurados no teto, cuja as sombras parecem dançar ao som da obra “Réquiem”, de Mozart. Junto às paredes laterais da Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew, há recortes com fotos em preto e branco de pessoas consideradas especiais de alguma forma para a artista Solange Simas.

“Assim na terra como no céu” é o nome desse novo universo. Convidada pela galeria, que completa 25 anos de existência, Solange quis criar seu próprio espaço e apresentar a cerâmica de uma forma diferente do convencional, já que a idéia que se tem do formato em barro é aquela de algo velho, milenar, “dos antigos oleiros e suas panelas de barro”, como diz a expositora.

Solange foi apresentada à arte da cerâmica em 2000. Não imaginava que um dia ia usar a técnica. Já fazia pintura, desenhos e outras atividades, contudo, cerâmica não lhe parecia atrativo. Com o passar das aulas, se apaixonou pela atividade. “Não me via mexendo com terra, mas experimentei e amei”, conta.

Para criar o ambiente da exposição, Solange usou a barbotina – arte de misturar água e argila. A estopa e o jornal serviram para fixar a mistura, que foi levada ao forno na temperatura de 1.000 graus. Devido ao calor, derreteram-se a estopa e o jornal, e o resultado foi uma espécie de círculo com pequenos orifícios, os quais mais tarde serviram para compor o efeito de luz e sombra no local. Os círculos ficam presos no teto por fios transparentes.

O ambiente é aberto a uma infinidade de interpretações. Transmite desde o significado da vida, relações entre seres humanos e o futuro do planeta. É válido deixar fluir as sensações estéticas quando se entra na sala.

“Queria algo que tivesse a ver comigo, queria expressar a conexão entre o céu e a terra”, comenta a artista. Esta é sua primeira mostra individual, mas já apresentou seus trabalhos em diversas cidades do Brasil e na Europa. Recebeu o Prêmio Internacional de Cerâmica Contemporânea no Museu Pablo Serrano, em Zaragoza, na Espanha, em 2004.

“Assim na terra como no céu” teve abertura em 25 de outubro e segue até 15 de fevereiro de 2008. Segundo o diretor da Fundação Cultural de Joinville e também curador da mostra Charles Narloch, em seu material de apresentação, “Solange Simas não desperdiça a oportunidade de protagonizar seu próprio gênesis”.

Através de luz e sombras, a artista usa a contemporaneidade para alterar a esfera local e brincar de ser Deus, criando um espaço criativo com frágeis planetas em cerâmica.


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800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.