As tardes de sábado não são mais as mesmas para alguns estudantes de Bom Jesus/ Ielusc. No dia em que até Deus descansou, os alunos que não encontram tempo durante a semana porque trabalham e estudam, sacrificam a folga para participar de atividades extracurriculares.
A movimentação começou com a primeira oficina de Introdução à Crítica Gastronômica, em abril, oferecida por Gastão Cassel. Em seguida veio o Grupo de Estudos de História do Brasil, sob orientação de Valdete Niehues, acompanhado de perto pelo seminário Introdução ao Pensamento de Foucault, ministrado por Márcia Amaral. No último sábado, 10 de novembro, porém, aconteceu o ápice da freqüência do sétimo dia, quando Juciano Lacerda trouxe aproximadamente 30 pessoas à instituição para a oficina de texto do projeto Jardim Paraíso.
O professor de meios impressos Gastão Cassel esteve afastado da sala de aula por aproximadamente dois anos devido a problemas de saúde. A oficina foi uma proposta da direção para o professor retornar à sala e apresentar aos estudantes um nicho crescente de mercado: a crítica gastronômica. Começou em 28 de abril e acontecia em sábados alternados a partir das 13h30. Como a primeira edição foi um sucesso de crítica e público (mais crítica do que público, pois compareciam às aulas 15 alunos, em média), a segunda oficina voltou a ser oferecida de outubro a novembro.
Entrementes, desde o começo do segundo semestre, o Grupo de Estudos de História do Brasil se reúne, também em sábados alternados, para discutir aspectos da trajetória política e social do país a partir da Proclamação da República. Dezesseis pessoas participaram da aula inaugural do grupo, quatro desistiram naquela ocasião e outros quatro ficaram pelo caminho. Oito estudantes integram o grupo que passa as tardes discutindo história na sala D4 e, nas duas últimas reuniões, no quiosque. Estavam planejados oito encontros, mas em consenso, os integrantes optam por mais aulas quando julgam necessário.
Também oferecido pela coordenação de jornalismo é o Seminário de Introdução ao Pensamento de Foucault, ministrado pela professora de psicologia social e filosofia Márcia Amaral. Segundo Roelton Maciel, estudante do sexto período de jornalismo, apesar do calor, o estudo vale a pena. “Nós ainda não lemos nada do Foucault. Estamos trabalhando com autores que o interpretaram, como Heidegger, por exemplo”, explica. Vinte e cinco pessoas se inscreveram para o seminário, algumas desistiram e também ocorrem faltas. Por isso, em cada aula, há uma média de 18 alunos, entre acadêmicos de jornalismo, publicidade e um historiador. O curso tem previsão de cinco encontros.
Como o projeto do jornal do Jardim Paraíso visa que a comunidade escreva para o periódico mensal, foi oferecida no Ielusc, no último sábado, a oficina de texto à comunidade do bairro. Trinta pessoas vieram à instituição ter aulas sobre noções de redação com os professores Sílvio Melatti e Juciano Lacerda, auxiliados pelas alunas Priscila Noernberg (Jornal do Paraíso), Melanie Peter (Revi) e Ariadna Straliotto (Necom). A oficina começou às 14 horas do sábado, foi até às 21 horas, reiniciou às 8h30 do domingo e acabou às 12h30. Priscila conta que a seleção foi feita pelo conselho do jornal, além de visitas que a bolsista fez às escolas do bairro, explicando o projeto.
Já cantava Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Para os estudantes do Ielusc, a hora que sobra é no sábado à tarde. À noite, a partir das 19 horas, há as sessões do Clube de Cinema. Dá para passar o dia inteiro no Ielusc, já pensou? Você bebe todas na sexta-feira, entra em aula às 8 da manhã no sábado, adentra ao pensamento de Foucault à tarde e finaliza com uma análise complexa do cinema novo à noite. É um sábado para ninguém botar defeito.