Ao menos que estudante pudesse se multiplicar por nove poderia presenciar e participar de todos os eventos do segundo dia da Semana Acadêmica. A noite de terça-feira, 23 de outubro, foi marcada por atrações simultâneas — seis oficinas, duas leituras de repórteres e exibição de curtas animados.
Na sala com cheiro característico do piso revestido de borracha verde (D5) se realizou a leitura de repórter de José Hamilton Ribeiro, ministrada pelo professor das disciplinas de meios e de produção de TV Ângelo Ribeiro. Treze pessoas estavam presentes, sendo que apenas nove tinham feito inscrição.
Três textos do livro “Repórter do Século” — Uma vida por um rim, Do que morre o Brasil e Coração a céu aberto no sertão — foram distribuídos aos participantes para que pudessem acompanhar a leitura. Foram exibidas duas reportagens do Globo rural (Instituto Butatã e Violeiro) e um documentário sobre a vida do jornalista que perdeu uma perna ao cobrir a guerra do Vietnã para a revista Realidade.
A característica apontada pelo professor foi a que não há diferença entre texto para impresso e texto para TV nas reportagens de José Hamilton Ribeiro. O ganhador de sete prêmios Esso faz uso da narrativa audiovisual ao introduzir personagens no início das reportagens. Preza por frases coloquiais sem ser superficial — as reportagens premiadas foram na categoria informação científica.
Para Ângelo, José Hamilton Ribeiro é o repórter completo: extrai informação das fontes mais arredias, sabe perguntar e, principalmente, ouvir. A vocação do jornalista está em Hamilton. Ele conta histórias diferentes e de maneira simples. E não perdeu o espírito da reportagem.
O repórter do Globo Rural é inspiração para o estudante Jorge Therra do oitavo período de jornalismo. Ele se encantou com as histórias incomuns que José Hamilton aborda. “Depois que descobri que ele tinha perdido a perna, ele virou um semi-deus pra mim”, enfatiza. Jorge pretende utilizar o estilo simples e completo de Hamilton no projeto experimental de TV.
A outra leitura de repórter ocorreu na sala C27. O coordenador do curso de jornalismo Samuel Pantoja Lima fez leitura das obras do jornalista e escritor Gabriel García Márquez. Confira a reportagem em vídeo .
A oficina de conto e crônica foi baseada em exercícios de criação. Os seis participantes deveriam escolher 12 substantivos e depois encaixá-los no trecho de instruções para dar corda no relógio do livro “Manual de Instruções”, do escritor argentino Julio Cortázar. A outra atividade foi elaborar um texto de instruções.
Treze estudantes de publicidade e propaganda participaram da oficina de ilustração. Foram produzidos cartazes desenhados e pintados à mão sobre o tema “preservação do meio ambiente”.
A oficina de produção de mídias alternativas foi uma exposição de como surgiu o CMI (Centro de Mídia Independente), abrangendo o funcionamento de publicação aberta. Também foi apresentado aos 19 participantes do workshop a execução de uma rádio comunitária.
Os nove integrantes da oficina de jingle criaram uma vinheta musicada sobre a semana acadêmica. Autonomia era o tema proposto. Os estudantes tinham que escrever a letra e gravar. A trilha branca (base musical do jingle) já estava pronta. “Não se justifique, faça” foi o refrão do jingle produzido.
Exercícios de improvisação, de ação vocal e de movimentos corporais foram a base da oficina de teatro como forma de comunicação. Eles aprenderam a fazer leituras “interpretadas” — ênfase nas pausas e na entonação — com textos de Nelson Rodrigues e Bertold Brecht.
A oficina de crítica musical incentivou os participantes a entrar na história da música. Rodrigo Schwartz sugeriu os 50 CD´s indispensáveis para um discoteca básica, lista feita pela revista Showbizz. Além disso, foram elaboradas resenhas sobre um disco da banda Radiohead.
No anfiteatro, dois curtas foram exibidos: do projeto itinerâncias e da mostra independente de animação “A Caverna”. O objetivo da exibição foi provocar uma reflexão através da animação.