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Matéria 5034, publicada em 04/10/2007.


:Lorena Trindade

Leandro Caires entrevista candidato

Quarenta concorrem a vagas para produção de filme americano

Lorena Trindade


O confuso clima de domingo, 30 de setembro, não impediu os candidatos à carreira cinematográfica de tentarem aventurar-se. Eram 40 concorrentes aguardando para serem entrevistados por Roberto Carminatti. Os primeiros deveriam ter inglês fluente, os outros esperariam até às 11h30 para começarem a ser convocados. Enquanto isso, “biscoitinhos”, água e café eram servidos pela assessora do diretor. De acordo com o auxiliar de Carminatti na produção de “The Heartbreaker”, o cineasta estava envolvido com a realização global a qual dirige, o “Linha Direta”, por este motivo não compareceu.

A maioria dos candidatos chegou no Complexo Cultural Antarctica às 9 horas. Wesley Conrado era um dos aspirantes à vaga de assistente de produção. Ele cursou um ano da faculdade de cinema em Florianópolis, mas atualmente faz gastronomia na Univille. Escolheu este curso por entender que o aproxima da possibilidade de viajar para o exterior e, lá, estudar e trabalhar com cinema. Soube da seleção por um cartaz instalado na sala onde é realizado o ciclo de cinema da Cidadela Cultural. O estudante conhecia Carminatti de uma palestra ministrada pelo cineasta no ano passado. Embora conheça o modo de trabalho do diretor e considere comédias românticas como algo que não corresponde ao supra sumo da sétima arte, Conrado gostaria de experimentar fazer parte da produção. Para ele, é normal que o mercantilismo também tenha invadido a indústria do cinema: “cortar custos é a ordem do momento. Cortar custos corta a alma do 'negócio'”.

Leonardo Lunardi é professor em uma escola pública do bairro Escolinha e cliente assíduo do ciclo de cinema. Também foi numa das noites de exibição que ficou sabendo sobre a seleção em Joinville. Quando morava em Porto Alegre, na década de 80, o professor teve experiências com cinema. Foi continuísta e auxiliar de iluminação no filme “Nesta data querida”, e é com iluminação que está disposto a trabalhar no longa de Carminatti. Lunardi se disse otimista em relação ao projeto. “Eu vi essa mudança acontecer lá em Porto Alegre”, completou “de um modo parecido com o que está acontecendo aqui só que nos anos 80”.

“Os candidatos sabem que existem serviços remunerados e não-remunerados”, disse o produtor Leandro Caires. Ele afirma que a produção — o braço direito de Carminatti, Anderson Linder, o Russo, e Caires — deixa este “detalhe” bem claro quando entrevistam os concorrentes. De acordo com ele, a preferência é pelos profissionais cinematográficos que tenham inglês fluente, “mas na hora da decisão, se um for mais capacitado e não falar inglês, preferimos o mais capacitado”, explicou. Mas priorizar os que dominam a língua inglesa é um critério apenas para a entrevista e não para a contratação. Embora em alguns casos a Sunshine Films não gratifique os realizadores, o estúdio banca alimentação, hospedagem, viagem, além de contemplar o nome do participante nos créditos do longa-metragem. Segundo Caires, os que aceitam trabalhar sem remuneração “não perdem nada, só não ganham dinheiro”. Os profissionais joinvilenses o surpreenderam: “eram bastante capacitados, apresentaram bons projetos, muitos dominavam softwares de edição, tinham inglês fluente” e o que ele considerava principal, “força de vontade em trabalhar”.

A Sunshine ainda não sabe quais locações usarão nas cidades catarinenses — Criciúma, Joinville e Florianópolis. Caires ressalta que muitas “pessoas” têm perguntado sobre os incentivos financeiros do governo do estado, já que toda a produção em Santa Catarina será em estúdio. Ele justificou a “ajuda” como uma forma da produtora nova-iorquina trazer trabalho, atenção e movimentar dinheiro para os municípios. “Isso é só no ‘The Heartbreaker’, num próximo filme poderemos mostrar as cidades”.

As gravações externas serão em Nova York, ou seja, a produtora pretende reproduzir ambientes da Big Apple em estúdios e residências das cidades catarinenses. “O cara vai estar em uma cafeteria montada aqui em Joinville e quando sair estará na Times Square”, explicou Caires. O estúdio ainda não decidiu se os profissionais joinvilenses trabalharão exclusivamente na cidade ou se serão levados junto com toda a produção de “The Heartbreaker”. A reunião decisiva ocorrerá na filial da Sunshine em Criciúma. Só depois de um mês os candidatos saberão o resultado da seleção que durou quase oito horas.

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