Fuga de cães ferozes, sol, chuva, oito horas de pedalada por dia e salário de R$ 490 (inicial). Os carteiros não agüentaram a última proposta de reajuste salarial e decretaram: “Estamos em greve”. Os Correios informam que 20% dos funcionários pararam em todo o Brasil (aproximadamente 12 mil carteiros), mas o sindicato fala em 70%, em média, de adesão. Já em Joinville, segundo os manifestantes, dos 300 funcionários dos Correios, 90 participam da greve, e, para o gerente regional da empresa, Valdir Neumann, são apenas 77.

A proposta que a empresa estatal ofereceu, conforme o delegado sindical Lioilson Mario Correa, foi um reajuste salarial de 3,74% — “basicamente a inflacão medida pelo Dieese”, referindo-se ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos —, mais R$ 50 não incorporado ao salário. O sindicato analisou a proposta em assembléia, não aceitou, e rebateu: quer 47,77% de reposição salarial referente à perda no período FHC mais R$ 200 incorporados ao salário.

A greve foi decretada pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correio e Telégrafos e Similares) a partir da zero hora da quarta-feira, 13 de setembro. “Vinte e dois estados brasileiros aderiram”, garante Correa. Ele afirma que não há risco de punições, “pois a greve é legal, respaldada pelo período da data-base”. Contudo, “muitos carteiros não aderem por medo, ou porque a mulher não quer, ou por comodismo”.

A resolução para o impasse está acontecendo em Brasília. Sete representantes do sindicato discutem com sete da empresa. “Todos os dias os nossos representantes mandam relatórios sobre o que foi conversado”, explica Correa.

"Toda greve causa impacto”, afirma Neumann, “mas isso não afetou o funcionamentos dos Correios. Apenas alguns serviços foram cancelados, como o Sedex 10 e o Sedex Hoje” — serviços cujo diferencial é a entrega em curto prazo.